SUBJETIVIDADE E VERDADE: A ESCRITA DE SI NAS CARTAS DE SÊNECA A LUCÍLIO À LUZ DE FOUCAULT
DOI:
https://doi.org/10.61358/policromias.v7i1.52558Resumen
O que Foucault identifica como práticas de subjetivação entre os indivíduos e mais
especificamente, no caso que trago à luz para essa discussão, entre mestre e discípulo, ele
propõe uma visada que estabelece como ponto de partida o ethos grego, que, aliás, teve
influência direta no pensamento helenístico posterior. Fazendo surgir o problema da constituição
do sujeito, a partir do interesse pela verdade, a verdade de si, que, consequentemente,
acaba indo de encontro à verdade do outro. Tentando dissolver a problemática levantada
em questionamentos que o inquietava e o levou a colocá-lo como critério norteador para se
pensar e estabelecer o tripé: sujeito, subjetividade e verdade, Foucault com a coragem típica
de um filósofo comprometido com a filosofia, enfrenta questões levantadas por ele mesmo
a partir de suas leituras e pesquisas que possivelmente permanecerão sem uma resposta à
altura. Esse problema se eleva ainda hoje como um leviatã, o mesmo que desafiou os olhares
mais criteriosos da filosofia antiga, atravessando toda história do pensamento ocidental, e,
ainda hoje, com a mesma força de antes, se levanta diante dos olhos do filósofo da atualidade,
para pensar o que Foucault apontou como sua grande questão filosófica: a problematização
do sujeito! Para nos ajudar a pensar sobre a subjetividade e a verdade, temas tão caros ao
filósofo francês, vou elencar para esta reflexão alguns fragmentos da carta IX, de Sêneca a
Lucílio cujo título é Sobre Filosofia e Amizade, propondo assim, pensar tais questões à luz
do estoicismo, objeto teórico em que Foucault lançou mão para se pensar esse sujeito, que
se constitui a partir do outro, a partir da relação mestre-discípulo.
Citas
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