Renda Básica e Exploração Capitalista
Resumo
A partir da constatação de que a igualdade econômica e o socialismo não são historicamente inevitáveis, propomos neste trabalho a possibilidade de pensar o marxismo a partir da filosofia política, entendendo as questões normativas como determinantes para a práxis emancipatória. Neste sentido, com base no estudo dos textos de juventude de Marx, especialmente os Manuscritos de 1844 (2004), A questão Judaica (2010) e A ideologia Alemã (2007), buscamos a identificação e a justificação dos pré-requisitos normativos de uma sociedade igualitária (Bidet, 2008). Para isso, primeiramente estreitamos a relação entre ética e marxismo (Geras, 1988; Cohen, 1994; Elster, 1998), depois expomos a exploração capitalista sob a óptica da justiça (Callinicos, 2006; Cohen, 1986; Parijs, 2002) e por fim, na última parte do trabalho, apresentamos a proposta denominada “Renda Básica de Cidadania”. Em síntese, nosso argumento é que uma renda paga por uma comunidade política para todos os seus membros (Van Parijs, 2000) é uma forma de garantir uma base autônoma de existência para os trabalhadores, visto que limita a situação em que estes se veem despojados de autonomia ao vender sua força de trabalho em troca de sua subsistência (Raventós, 2012). Portanto, com base na crítica do jovem Marx (2004) à exploração capitalista e no seu desenho de uma sociedade humanamente emancipada (2010), sugerimos a “Renda Básica de Cidadania” como alternativa da sociedade para se impor contra o trabalho alienado (Parijs, 2006) na garantia da dignidade e da autonomia de seus membros.Referências
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