Corpo-território, os comuns e as mulheres quilombolas

Autores

Palavras-chave:

Mulheres quilombolas. Comuns. Corpo-território.

Resumo

Este artigo apresenta reflexões sobre a dinâmica dos quilombos a partir da perspectiva dos comuns. Trata da organização e da luta das mulheres quilombolas como expressão concreta do que se categoriza como corpo-território. As questões levantadas articulam pesquisa e extensão com os debates recente propostos por Federici (2022), Almeida (2022) e Gago (2020) sobre Feminismos e a Política dos Comuns; Antirracismo e Territórios de afetos; e Corpo-território. Apresenta contribuições ao debate sobre as lutas e as organizações de mulheres quilombolas na construção de uma sociedade verdadeiramente emancipada.

Biografia do Autor

Maria Raimunda Penha Soares, Universidade Federal Fluminense

Maria Raimunda Penha Soares é professora associada (DE) do Departamento Interdisciplinar da Universidade Federal Fluminense (Campus Universitário de Rio das Ostras). Possui graduação em Serviço Social (1999) e em Ciências Econômicas (2001) pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É mestre (2004) e doutora (2009) em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-doutorado concluído (2019/2020) no PPGPP/UFMA com pesquisa junto a Comunidades Quilombolas no Maranhão. Realiza pesquisa junto ao Quilombo da Machadinha, em Quissamã/RJ, e atualmente participa com professores da Uenf e UFRJ de projeto de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola e da proposta de cooperação técnica para Elaboração do Relatório Antropológico, para fins de titulação da terra, no mesmo Quilombo. Coordena projetos de pesquisa, extensão e desenvolvimento acadêmico (no âmbito da UFF) na área de questões étnico-raciais e cultura afro-brasileira. Realiza, com outros docentes da UFF, desde 2011, a Semana da Cultura Afro-brasileira e coordena o Neab – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro do Campus da UFF/Rio das Ostras.

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Publicado

2024-02-05