E a solidão das mulheres negras, cumé que fica?

Autores

  • Patrick Oliveira Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA) https://orcid.org/0000-0003-3728-8709
  • Jackson Roger de Oliveira Instituto de Economia (IE) da UFRJ Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA)

Palavras-chave:

Solidão, Mulheres negras, Racismo

Resumo

A partir da chacina do Jacarezinho, este artigo procura reconstruir teoricamente uma análise da solidão da mulher negra brasileira por dois nexos histórico-sociais: o “lugar natural” desumano socialmente fundado de negros e negras e os elos afetivos como complexos sociais estranhados. Nossa metodologia é o procedimento de “abstrações razoáveis” marxista, em que isolaremos determinações particulares e universais da questão racial para reproduzir idealmente o processo real das condições e categorias sociais principais da solidão das mulheres negras. Concluímos que há um vínculo dialético entre legalidades capitalistas e a solidão da mulher negra, de caráter desigual, que invalida um entendimento apenas lógico-formal e um recurso não-revolucionário.

Biografia do Autor

Patrick Oliveira, Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA)

Bacharel em Ciências Econômicas pelo Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Mestrando em Serviço Social pela Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ.

Jackson Roger de Oliveira, Instituto de Economia (IE) da UFRJ Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA)

Graduando em Ciências Econômicas pelo Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Referências

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2025-02-19

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Artigos - Temas Livres