GRUPOS REFLEXIVOS: CENÁRIOS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA NO SISTEMA DE JUSTIÇA BRASILEIRO

Autores

Palavras-chave:

Grupos reflexivos, Lei Maria da Penha, Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.

Resumo

Os serviços de atendimento a homens autores de violência são uma realidade recente e pouco sistematizada. Como equipamentos da Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, os grupos reflexivos consistem numa política pública para a prevenção e responsabilização de agressores (Lei 11340/06), refletindo sobre hierarquias de gênero e violações aos DDHH das mulheres. Tais violências se relacionam com manifestações de masculinidades. Para enfrentá-las, não basta emancipar mulheres. Este artigo analisa e mapeia os programas implantados e as percepções sobre eles, objetivando o fortalecendo da Lei Maria da Penha.

 

Biografia do Autor

Mariana de Freitas Barbosa, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Bacharel em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Cristiane Brandão Augusto, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1995), mestrado em Ciências Jurídico-Criminais pela Universidade de Coimbra (1999) e doutorado em Saúde Coletiva com concentração em Ciências Humanas e Saúde pelo Instituto de Medicina Social da UERJ (2009). Pós-Doutora pelo Centro de Investigaciones y Estudios de Género da Universidad Nacional Autónoma de México (2019). Professora do Programa de Pós-Graduação do NEPP-DH/UFRJ e Professora Adjunta de Direito Penal e Criminologia da FND/UFR. Coordenadora do Observatório Latino-americano de Justiça em Feminicídio (Seção Brasil). Coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre "Violência de Gênero" (PEVIGE) e do Curso de Extensão de Formação de Promotoras Legais Populares (PLPs), ambos da FND/UFRJ. Palestrante, consultora e parecerista. Fundadora do Instituto de Estudos Criminais do Estado do Rio de Janeiro. Foi professora da Universidade Candido Mendes, IBMEC, Universidade de Vila Velha, Universidade Estácio de Sá, EMERJ e Faculdade Lusíadas (os quatro últimos em pós-graduação). Integrou a equipe de Dir. Penal do Exame de Ordem da OAB/RJ. Atuou como assessora parlamentar. Foi predoctoral fellow no Instituto Max Planck de História da Ciência, em Berlim. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal e Processual Penal, atuando principalmente nos seguintes temas: Juizados Especiais Criminais, Violência de Gênero, Feminicídio, Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Resolução de Conflitos, Criminologia, Psiquiatria e Medicalização do Crime. É autora do livro "Nova Justiça Penal: com ou sem Juízo?", publicado pela Ed. Lumen Juris; do livro "Cérebro Criminógeno", publicado pela Ed. Marca; do Relatório Final da Pesquisa Nacional "Violências contra a Mulher e as Práticas Institucionais" para o Ipea/MJ; e de diversos artigos em revistas especializadas. É codiretora e roteirista do documentário Juizados.doc.

Referências

ACOSTA, Fernando; BRONZ, Alan. Desafios para o trabalho com homens em situação de violência com suas parceiras íntimas. In: BLAY, Eva Alterman (Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, pp. 138-148, 2014.

ALVARENGA, Augusta Thereza de; PRATES, Paula Licursi. Grupos Reflexivos para homens autores de violência contra a mulher: A experiência na cidade de São Paulo. In: BLAY, Eva Alterman (Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, pp. 225 – 245, 2014.

ANDRADE, Leandro Feitosa. Grupo de homens e homens em grupo: novas dimensões e condições para as masculinidades. In: BLAY, Eva Alterman (Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, pp.173-209, 2014.

ATALLAH, Raul; AMADO, Roberto Marinho; GAUDIOSO, Pierre. Experiências no trabalho com homens autores de violência doméstica: reflexões a partir da experiência do SerH. In: LOPES, Paulo Victor; LEITE, Fabiana (Orgs). Atendimento a homens autores de violência doméstica: desafios à política pública. Rio de Janeiro: Iser, 2013.

BEIRAS, Adriano. Relatório mapeamento de serviços de atenção grupal a homens autores de violência contra mulheres no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2014.

____________; BRONZ, Alan. Metodologia de grupos reflexivos de gênero. Rio de Janeiro: Instituto Noos, p. 45, 2016.

____________; NASCIMENTO, Marcos; INCROCCI, Caio. Programas de atenção a homens autores de violência contra as mulheres: um panorama das intervenções no Brasil. In: Saúde Soc. São Paulo, v.28, n.1, p.262-274, 2019.

____________; HUGILL, Michelle de Souza Gomes; MARTINS, Daniel Fauth Washington; SOMMARIVA, Salete Silva. Grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência contra mulheres no Brasil: mapeamento, análise e recomendações. Edição eletrônica. Florianópolis: CEJUR, 2021.

BRASIL. Lei 11340/06. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 27 set. 2022.

BRASIL/SPM. Proposta para Implementação dos Serviços de Responsabilização e Educação dos Agressores. Brasília, 2011. Disponível em <https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/rede-de-enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres>. Acesso em: 27 set. 2022.

BRASIL. Departamento Penitenciário Nacional. Guia de formação em alternativas penais V [recurso eletrônico]: Medidas protetivas de urgência e demais ações de responsabilização para homens autores de violências contra as mulheres/Departamento Penitenciário Nacional, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; coordenação de Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi ... [et al.]. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2020.

CALDONAZZO, Tayana Roberta Muniz. 2020. Potencialidades dos grupos reflexivos brasileiros para homens autores de violência doméstica contra a mulher na desconstrução da masculinidade hegemônica. Dissertação de Mestrado. PPGD/Universidade Estadual do Norte do Paraná.

EMERJ. Padronização do Grupo Reflexivo dos Homens Agressores. Revista Direito em Movimento, v. 14, pp. 407-427, 2012. Disponível em: <https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistadireitoemovimento_online/edicoes/volume14/volume14_padronizacao.pdf>. Acesso em 23 set. 2022.

CEPIA. Relatório de Pesquisa. Violência contra as mulheres: os serviços de responsabilização dos homens autores de violência, 2016. Disponível em: <http://www.mulheres.ba.gov.br/arquivos/File/Publicacoes/Relatoriodepesquisa_ViolenciacontraasMulheres_Osservicosderesponsabilizacaodoshomensautoresdeviolencia_Marco2016.pdf>. Acessado em: 06 out. 2022.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO/PJERJ. Comarca da Capital I Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Grupo reflexivo para homens, s/d. Disponível em: <http://www.tjrj.jus.br/web/guest/observatorio-judicial-violencia-mulher/boas-praticas/capital-i-jvdfm/grupo-reflexivo-homens>. Acesso em: 21 jan. 2022.

FONSECA, Vanessa et al. Manual Grupo Refletir. Grupos reflexivos para profissionais da segurança pública autores de violência doméstica e/ou familiar contra a mulher: ação inovadora no Distrito Federal. Brasília: TJDFT, NJM, PNUD, ONU/MULHERES, SSPDF, 2020. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/informacoes/cidadania/centro- -judiciario-mulher/documentos-e-links/livro-eletronico-manual-grupo-refletir.pdf>. Acesso em: 06 out. 2022.

ISER. SerH. Serviços de educação e responsabilização para homens autores de violência contra mulheres: proposta para elaboração de parâmetros técnicos, 2012. Disponível em: <https://www.iser.org.br/wp-content/uploads/2020/08/iser_cartilha-proposta-para-elaboracao-de-parametros-tecnicos-1.pdf>. Acesso em: 25 set. 2022.

MORAES, Aparecida Fonseca; RIBEIRO, Letícia. As políticas de combate à violência contra a mulher no Brasil e a “responsabilização” dos “homens autores de violência”. In: Sexualidad, Salud y Sociedad Revista Latinoamericana, n.11, pp.37-58, ago. 2012.

NATIVIDADE, Cláudia; VELOSO, Flávia Gotelip Correa. Metodologias de abordagem dos homens autores de violência contra as mulheres. In: LEITE, Fabiana; LOPES, Paulo Victor Leite. (Org). Atendimento a homens autores de violência doméstica: desafios à política pública. Rio de Janeiro: ISER, pp. 45-64, 2013.

SAMPAIO, M. (2014). Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher e os Grupos Reflexivos para Homens Autores de Violência contra a Mulher no Âmbito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. UFRRJ/ Seropédica.

SOARES, Cecília Teixeira. (2018). Grupos reflexivos para autores de violência contra a mulher: “Isso funciona? ”. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia/Universidade Federal do Rio de Janeiro.

TONELI, M. J. F., Beiras, A., CLIMACO, D., & LAGO, M. (2010). Serviços latino-americanos de atendimento a homens autores de violência: limites e possibilidades. In: Toneli, M. J. F., Beiras, A., Climaco, D., & Lago, M. (Orgs.). Atendimento a homens autores de violência contra as mulheres: experiências latinoamericanas. (pp. 229-244). Santa Catarina: UFSC.

URRA, Flávio; PECHTOLL, Maria Cristina Pache. Programa “E Agora José?” Grupo socioeducativo com homens autores de violência doméstica contra as mulheres. In: Nova Perspectiva Sistêmica, n. 54, p. 112-116, abril 2016.

Downloads

Publicado

2025-02-19

Edição

Seção

Artigos - Temas Livres