UM ESTUDO COMPARADO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO E PATOLOGIZAÇÃO DAS INSCRIÇÕES CORPORAIS
Palavras-chave:
Inscrições corporais, Automutilação, Patologização, Anarquismo, PsiquiatriaResumo
Neste artigo, objetivamos argumentar, por meio de uma análise sobre como a medicina e a psiquiatria conceberam historicamente a prática de inscrições corporais, que não há possibilidade de uma ciência ser neutra e imparcial. A transformação de inscrições corporais em automutilações e sua consequente patologização, no contexto europeu dos séculos XVIII ao XX, significaram, além da afirmação de inferioridade de certos povos, o domínio de instituições médicas/psiquiátricas não somente sobre o corpo humano, como também sobre as significações que tais inscrições carregavam em contextos culturais distintos. Portanto, este estudo, longe de avaliar as inscrições corporais, procura apontar para o caráter parcial da ciência, utilizando como objeto de análise o processo de patologização de modificações corporais e automutilação, bem como o concomitante desenvolvimento da medicina e psiquiatria, em associação com o poder da Igreja e do Estado.
Referências
ANGEL, T. Pensando sobre as fronteiras entre modificação corporal e ‘mutilação’. FRRRKguys. Beautification, body art & body modification culture, 2014. Disponível em: <http://www.frrrkguys.com.br/pensando-sobre-as-fronteiras-entre-modificacao-corporal-e-mutilacao/>. Acesso em: 11/07/2021.
BAKUNIN, Mikhail. Conceito de Liberdade. Porto: Edições RÉS limitada, 1975.
BAKUNIN, Mikhail. Deus e o Estado. Trad. Plínio Augusto Coelho. São Paulo: Editora Hedra, 2015.
BELL, Timothy M. A Brief History of Bloodletting. The Journal of Lancaster General Hospital, v. 11, n. 4, 2016.
BRÄUNLEIN, Peter J. “Flagellation.” Religions of the World, Second Edition: A Comprehensive Encyclopedia of Beliefs and Practices. Ed. Martin Baumann, J. Gordon Melton. Santa Barbara, CA: ABC-CLIO, 2010, 1120-1122
CHANEY, Sarah. Psyche on the Skin: a history of self-harm. London: Reaktion Books LTD, 2017.
DE MORAES, Wallace de. Crítica à Estadolatria: contribuições da filosofia anarquista à perspectiva antirracista e decolonial. Revista Teoliterária, São Paulo, v. 10, n. 21, p. 54-78, 2020.
DE MORAES, Wallace. Reflexões sobre o significado de fascismo: Pra quem sabe ler, um pingo é letra. Le Monde Diplomatique Brasil, 2018. Disponível em: https://diplomatique.org.br/pra-quem-sabe-ler-um-pingo-e-letra/. Acesso em: 17 de agosto de 2021.
FAVAZZA, A. R. Introduction. In: STRONG, Marilee. A Bright Red Scream: Self-mutilation and the Language of Pain. United States of America: Penguin Books, 1998.
FAVAZZA, Armando R. Bodies under Siege: self-mutilation, nonsuicidal self-injury, and body modification in culture and psychiatry. 3ª ed. United Stated of America: The Johns Hopkins University Press, 2011.
FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Editora Perspectivas, 1978.
KROPOTKIN, Piotr Alekseievch. O princípio anarquista e outros ensaios. São Paulo: Hedra, 2007.
LE BRETON, David. Antropología del dolor. Barcelona: Editorial Seix Barral, 1999.
MALATESTA, E. Anarquismo e Anarquia. Tradução de Felipe Corrêa. Faísca Publicações Libertárias, 2009. Disponível em: https://www.anarquista.net/wp-content/uploads/2013/08/Anarquismo-e-anarquia-Errico-Malatesta.pdf. Acesso em: 03 mar. 2020.
MALATESTA, E. Pensamiento y Accion Revolucionarios. Trad. Eduardo Prieto. Org. Vernon Richards. Buenos Aires: Tupac Ediciones, 2007.
MENNINGER, Karl Augustus. (1938). Eros e Tanatos: o homem contra si próprio. São Paulo: IBRASA, 2018.
MINOIS, Georges. History of Suicide: Voluntary Death in Western Culture. Baltimore: The John Hopkins University Press, 1999.
PFEIL, Bruno Latini; PFEIL, Cello Latini. Uma perspectiva anarquista sobre o suicídio, a produção da morte e a preservação da vida. Revista Estudos Libertários, Rio de Janeiro, v. 3, n. 8, 2021, p. 121-151.
SKUSE, Alanna. ‘One Stroak of His Razour’: Tales of Self-Gelding in Early Modern England. Social History of Medicine, v. 33, n. 2, 2018, p. 377-393.
SOARES, Thiago Ricardo. A modificação corporal no Brasil - 1980-1990. 1ª ed. Curitiba: Editora CRV, 2015.
STRONG, Marilee. A Bright Red Scream: Self-mutilation and the Language of Pain. United States of America: Penguin Books, 1998.
STRONG, Marilee. Preface. (2009). In: STRONG, Marilee. A Bright Red Scream: Self-mutilation and the Language of Pain. United States of America: Penguin Books, 1998.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença CreativeCommonsAttribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
POLÍTICA DE PRIVACIDADE
Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.