Dependência estrutural e reprimarização da América Latina: aportes de Ruy Mauro Marini
DOI:
https://doi.org/10.54833/issn2764-104X.v2i2p192-215Palavras-chave:
desenvolvimento, dependência, América Latina, Acumulação de capitalResumo
O processo de industrialização dos países da América Latina com capital transnacional implicou em complexas relações de dependência com relação às economias centrais. Torna a dependência estrutural. Implica em que os países que lograram se industrializar passaram a integram o processo de acumulação mundial de capital dominado pelo capital transnacional de forma subordinada, como local de extração constante de valor excedente produzido, transferido para os países centrais. Marini demonstra como esse processo se materializa no ciclo de acumulação capitalista, de um lado, na dependência de importação de máquinas, equipamentos, tecnologia e conhecimento; de outro pela concentração de valor nas mãos das corporações transnacionais que detém o controle dos nódulos centrais das cadeias de valor, via filiais localizadas na periferia ou não, portanto têm poder de se apropriar de valor criado na cadeia produtiva da periferia. O artigo busca relacionar como essa dependência estrutural, a partir das contradições dinâmicas que cria para a acumulação na periferia, com a adoção do neoliberalismo a partir dos anos 1990 que acaba por desindustrializar a periferia.
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