O Brincar e o cuidar: o olhar do terapeuta ocupacional sobre o comportamento lúdico de crianças em internação prolongada/ The playing and caring: the look of occupational therapy on the playful behavior of children in prolonged hospitalization

Autores/as

  • Abida Amoglia Rodrigues
  • Valéria Barroso Albuquerque

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto26293

Palabras clave:

Criança Hospitalizada, Cuidadores, Ludoterapia, Terapia Ocupacional.

Resumen

Trata-se de um estudo de campo com abordagem qualitativa que teve como objetivos conhecer o comportamento lúdico de crianças em situação de internação prolongada, assim como verificar a percepção dos cuidadores em relação ao envolvimento dessas crianças em atividades lúdicas. A pesquisa foi desenvolvida em um hospital infantil de Fortaleza/CE com a participação de duas crianças e seus responsáveis. A coleta ocorreu mediante a avaliação inicial com os instrumentos Entrevista Inicial com os Pais ou responsáveis e Avaliação do Comportamento Lúdico, cinco intervenções baseadas no modelo lúdico junto às crianças; e reavaliação do Comportamento Lúdico. Os resultados apontaram que houve modificações do comportamento lúdico das crianças mediante internação prolongada quando comparado ao que foi relatado pelos responsáveis sobre a prática do brincar em casa. Foi observada diminuição do interesse, motivação, interação e expressividade. Após as intervenções houve melhorias, sobretudo no interesse lúdico pelo espaço, pelo ambiente sensorial e pela interação com outras crianças. Conclui-se, portanto, que a internação prolongada oferece estímulos negativos para a criança hospitalizada. Contudo, o brincar apresenta potencial terapêutico para a recuperação da criança e adaptação ao novo ambiente em que se encontra.

 

Abstract:  This is a field study with a qualitative approach that aimed to know the playful behavior of children in prolonged hospitalization as well as to verify the perception of caregivers regarding the involvement of these children in playful activities. The research was conducted in a Children's Hospital of Fortaleza / CE with the participation of two children and their parents. The collection took place through the initial assessment with the instruments Initial Interview with Parents or Guardians and Evaluation of Playful Behavior, five interventions based on the playful model with children; and reevaluation with the Evaluation of Playful Behavior. The results showed that there were changes in the playful behavior of children through prolonged hospitalization when compared to what was reported by those responsible for playing at home. Decreased interest, motivation, interaction and expressiveness were observed. After the interventions there were improvements, especially in the playful interest in the space, the sensory environment and the interaction with other children. Therefore, it is concluded that prolonged hospitalization offers negative stimuli for hospitalized children. However, playing has therapeutic potential for the child's recovery and adaptation to the new environment in which he finds himself.

Key words: Child Hospitalized, Caregivers, Play Therapy, Occupational Therapy.

 

Resumen: Este es un estudio de campo con un enfoque cualitativo que tuvo como objetivo conocer el comportamiento lúdico de los niños en hospitalizaciones prolongadas, así como verificar la percepción de los cuidadores sobre la participación de estos niños en actividades lúdicas. La investigación se realizó en un Hospital de Niños de Fortaleza / CE con la participación de dos niños y sus guardianes. La recolección se realizó a través de la evaluación inicial con los instrumentos Entrevista inicial con padres o tutores y Evaluación de comportamiento lúdico cinco intervenciones basadas en el modelo lúdico con niños; y reevaluación con la Evaluación de comportamiento lúdico. Los resultados mostraron que hubo cambios en el comportamiento de juego de los niños a través de la hospitalización prolongada en comparación con lo que informaron los responsables de jugar en casa. Disminución de interés, motivación, interacción y expresividad se observaron. Después de las intervenciones hubo mejoras, especialmente en el interés lúdico en el espacio, el entorno sensorial y la interacción con otros niños. Por lo tanto, se concluye que la hospitalización prolongada ofrece estímulos negativos para los niños hospitalizados. Sin embargo, jugar tiene potencial terapéutico para la recuperación y adaptación del niño al nuevo entorno en el que se encuentra.

Palabras clave: Niño Hospitalizado, Cuidadores, Ludoterapia, Terapia Ocupacional.

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Publicado

2020-01-31