Ordem de circunstanciais temporais em português e francês: motivações discursivas

Autores

  • Érika Cristine Ilogti de Sá Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Maria da Conceição Auxiliadora de Paiva Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  • Maria Maura Cezário Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2020.v16nEsp.a21490

Palavras-chave:

ordenação, circunstanciais temporais, função discursiva.

Resumo

O objetivo principal deste artigo é trazer evidências para a hipótese de que motivações discursivo-funcionais atuam de forma independente de restrições estruturais das línguas. Essa hipótese é verificada através da análise comparativa das diferentes posições ocupadas pelos circunstanciais temporais na modalidade escrita contemporânea do português e do francês. A partir de dados coletados em notícias e editorais publicados em jornais brasileiros e franceses, destacamos que, apesar da sua flexibilidade, esses constituintes se situam principalmente nas margens esquerda e direita da oração.  Focalizando mais especificamente essas duas posições, analisamos a restrição sintática relacionada ao preenchimento da posição do sujeito e a função desempenhada pelo circunstancial temporal na organização textual.  Os resultados indicam que a ocorrência do circunstancial na margem esquerda da oração não pode ser explicada pela diferença estrutural entre as duas línguas. Destaca-se, por outro lado, a correlação entre a função e a posição desses constituintes. Circunstanciais temporais que demarcam subtópicos, introduzindo novos enquadramentos temporais, se situam na periferia esquerda da oração, nas duas línguas. Aqueles que introduzem coordenadas temporais mais restritas à predicação são propensos a ocuparem a margem direita. Apesar de algumas diferenças entre as duas línguas, essa sistematicidade permite concluir que motivações discursivo-textuais são mais gerais e explicam de forma mais adequada a variação na ordem de constituintes.

Biografia do Autor

Érika Cristine Ilogti de Sá, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Professora de Língua Portuguesa do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores da UERJ. 

Maria da Conceição Auxiliadora de Paiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professora do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFRJ. É pesquisadora do CNPq.

Maria Maura Cezário, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Formada em doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio e Janeiro, atualmente é professora do programa de Pós-graduação em Linguística e pesquisadora do CNPq. Coordenadora do grupo de pesqquisas do grupo Discurso e gramática

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Publicado

2020-11-07