Percurso de mudança de [meio que] no português brasileiro e as construções [kind of/kinda] do inglês e [en plan (de)] do espanhol: investigação contrastiva à luz da Gramática de Construções Diacrônica
DOI:
https://doi.org/10.31513/linguistica.2022.v18n2a55700Palavras-chave:
construção [meio que], construção [kind of/kinda], construção [en plan (de)], gramática de construções diacrônica, análise contrastivaResumo
Este trabalho analisa o percurso de mudança da construção [meio que] no português brasileiro, fazendo-se uso de dados que abarcam um período de seis séculos (XVI-XXI), extraídos do Corpus do Português (DAVIES; FERREIRA, 2006; DAVIES, 2019). Propõe-se, com base no quadro teórico da Gramática de Construções Diacrônica (SOMMERER; SMIRNOVA, 2020; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), que essa construção integra a rede formada pelo nó superior [X que], contudo, diferentemente de outras construções instanciadas por esse nó, [meio que] não se gramaticaliza como conjunção ou como índice de modalidade, mas, inicialmente, como advérbio e, posteriormente, como marcador discursivo. Ademais, propõe-se que o processo tenha sido desencadeado a partir da reanálise do NP complexo [Det meio [que...]]NP, compreendendo uma trajetória de mudança semelhante à das construções [kind of/kinda] do inglês (MARGERIE, 2010) e [en plan (de)] do espanhol (RODRÍGUEZ-ABRUÑEIRAS, 2020), o que atesta translinguisticamente o cline nome > advérbio > marcador discursivo, como propôs Rodríguez-Abruñeiras (2020). Adicionalmente, foram contemplados na análise os fatores de esquematicidade, de composicionalidade e de produtividade da construção [meio que]. Constatou-se que há uma tendência de queda dos usos lexicais (como NP complexo cujo núcleo é o nome meio ou como parte de um numeral seguido de que) no século XX e uma tendência de crescimento dos usos construcionalizados (como advérbio ou como marcador discursivo) a partir desse mesmo século, período em que ocorre a mudança, bem como que tais séries estão inversamente correlacionadas, conforme atestaram os testes estatísticos empregados na análise quantitativa do fenômeno.
Downloads
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam na Revista Linguí∫tica concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença Creative Commons que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pela Revista Linguí∫tica.
Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Linguí∫tica.

A Revista Linguí∫tica é uma revista do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFRJ e se utiliza da Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC-BY-NC)






