Compostos com fobia na língua portuguesa: um estudo construcional em perspectiva histórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2022.v18n2a56913

Palavras-chave:

compostos morfológicos, compostos neoclássicos, morfologia histórica, morfologia construcional, mudança construcional.

Resumo

Neste trabalho, pretendemos refletir sobre os processos de mudança relacionados aos compostos com fobia na língua portuguesa, considerando a forma grega φοβία, a sua latinização em phŏbĭa, a sua entrada ao português no século XVI e a proliferação de formas [X-fobia]S, a partir do século XIX. São analisadas tanto formas dicionarizadas (aracnofobia, claustrofobia, fonofobia, hidrofobia, necrofobia), quanto não dicionarizadas (brancofobia, casalfelizfobia, cabelobrancofobia, gordofobia, PDFfobia, pobrefobia, putafobia e uvapassafobia). O nosso aporte teórico-descritivo inclui os pressupostos da Morfologia Construcional, nos termos de Booij (2010), Gonçalves (2016), Soledade (2018) e Simões Neto (2022), e Gramática de Construções de orientação diacrônica, com base em Traugott e Trousdale (2021). Dentre muitas questões, o nosso artigo intenta avaliar: (a) se, do ponto de vista formal, o padrão X-fobia do português contemporâneo deixou de ser um composto morfológico, com um elemento preso (aracn[o]-fobia; fon[o]-fobia), para ser um composto morfossintático do tipo NN (pobrefobia, putafobia); (b) como, do ponto de vista semântico, a ideia de medo patológico das primeiras realizações atestadas deu lugar ao significado de aversão e de ódio na contemporaneidade. A avaliação do comportamento formal e semântico do padrão X-fobia nos permitirá dizer se se trata de uma mudança construcional ou de uma construcionalização. Considerando a envergadura da proposta, os dados analisados advêm de variadas fontes: (i) The Brill Dictionary of Ancient Greek (MONTANARI, 2005), para dados do grego; (ii) Dictionnaire Latin-Français (GAFFIOT, 2016), para os dados do latim; (iii) Dicionário Houaiss Eletrônico de Língua Portuguesa (HOUAISS; VILLAR, 2009), para formas dicionarizadas do português; (iv) Twitter, para as formas não dicionarizadas.

Biografia do Autor

Natival Almeida Simões Neto, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Professor Assistente-A de Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), onde atua, também, como Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL-UEFS). Doutor e Mestre na área de Linguística Histórica pelo Programa de Pós-graduação em Língua e Cultura, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Graduou-se em Letras Vernáculas (Licenciatura) nessa mesma universidade. Realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É o atual presidente do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste (GELNE). Tem se dedicado a pesquisas nas áreas de morfologia, semântica e antroponímia da língua portuguesa. Interessa-se, em especial, por trabalhos que se insiram no âmbito da Morfologia Histórica, Morfologia Construcional, Gramática de Construções, Linguística Funcional Centrada no Uso, Semântica Cognitiva e Antroponomástica. Está cadastrado no diretório dos seguintes grupos de pesquisa: (a) PROHPOR - Programa Para a História da Língua Portuguesa (UFBA); (b) CE-DOHS - Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão (UEFS); (c) D&G - Discurso e Gramática (UFF). Coordena o projeto "CONHPOR - Construcionário Histórico da Língua Portuguesa: esquemas morfológicos e sintáticos do português em abordagens construcionais, relacionais e cognitivistas - Primeira etapa: o português arcaico (séculos XII-XVI), cuja resolução CONSEPE/UEFS 116/2021 foi publicada em 20 de novembro de 2021, no Diário Oficial do Estado da Bahia. Atuou na organização das seguintes coletâneas: (a) Morfologia Construcional: avanços em língua portuguesa (EDUFBA, 2022); b) Nomes próprios: abordagens linguísticas (EDUFBA, 2021); (c) Dez leituras sobre o léxico (EDUNEB, 2019); (d) Olhares sobre o léxico: perspectivas de estudos (EDUNEB, 2018); (e)Redes lexicais: descrições, análises e histórias (Editora Mares, 2016). É autor de artigos publicados em livros e periódicos nacionais e internacionais. 

Antonia Vieira dos Santos, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Possui graduação em Letras Português (Licenciatura) pela Universidade de Brasília (1997), graduação em Letras Português (Bacharelado) pela Universidade de Brasília (1999), mestrado em Lingüística Portuguesa pela Universidade de Coimbra (2003) e doutorado em Letras pela Universidade Federal da Bahia (2009). Foi professora adjunta da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Histórica, atuando principalmente nas áreas de morfologia, formação de palavras, léxico e onomástica. Integra o Grupo de Pesquisa Prohpor - Programa para a História da Língua Portuguesa, sediado no Instituto de Letras da UFBA, desenvolvendo pesquisa no âmbito do subgrupo Morfologia e Lexicologia Históricas. 


Ian Lezan Salvador, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

É graduado em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade de Brasília (2019). Atualmente, é mestrando pelo Programa de Língua e Cultura da UFBA, na área de Linguística Histórica. 


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Publicado

2022-07-31