Trajetória diacrônica do conector com isso no português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2022.v18n2a57080

Palavras-chave:

conector com isso, diacronia, linguística funcional centrada no uso.

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de descrever a trajetória diacrônica do conector complexo com isso, empregado ora como sequenciador, ora como conector lógico-semântico ou discursivo-argumentativo no português brasileiro contemporâneo (LOPES; SILVA, 2022). Para esse fim, recorremos aos pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (CUNHA et al., 2013; OLIVEIRA; ROSÁRIO, 2016), em especial ao modelo da construcionalização e das mudanças construcionais (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), cuja finalidade principal é a descrição histórica da língua sob viés construcionista. A nossa hipótese inicial foi a de que o adjunto adverbial com isso passou, ao longo dos séculos, por mudanças construcionais que favoreceram sua posterior construcionalização como conector (supra)oracional. Essa hipótese foi testada por meio da análise mista (LACERDA, 2016; LOPES, 2022) de 442 ocorrências, dos séculos XV ao XXI, extraídas dos seguintes corpora: Vercial, Tycho Brahe e Now. Os resultados desta pesquisa revelam a seguinte trajetória de com isso: 1) O adjunto adverbial começou a ser anteposto a seu subordinador, mas ainda bastante vinculado a ele sintática e semanticamente; 2) o adjunto adverbial anteposto começou a ser justaposto a um conector canônico, em especial o “e” – “e com isso” –, contexto favorável a que herdasse progressivamente traços de conexão;
3) com isso tornou-se um conector autônomo, na medida em que passou a atuar na margem esquerda da oração, do período ou do parágrafo, sem que fosse necessária sua justaposição a um outro conector.

Biografia do Autor

Monclar Guimarães Lopes, Universidade Federal Fluminense (UFF)

É coordenador da Graduação em Letras (Licenciaturas) da Universidade Federal Fluminense e professor adjunto do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem dessa mesma universidade. É doutor em estudos linguísticos e mestre em língua portuguesa pela Universidade Federal Fluminense. É especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e graduado em Letras-Inglês pela Ferlagos. É vice-líder do Grupo de Estudos D&G-UFF e membro pesquisador do Grupo de Pesquisa Conectivos e Conexão de Orações (ambos sediados pela UFF), além de membro do Grupo de Trabalho Descrição do Português da ANPOLL. É autor de artigos publicados em revistas especializadas e em anais de congressos e de materiais para EAD. Tem experiência na área de Letras, atuando nos seguintes temas: Linguística Funcional Centrada no Uso, Referenciação e Ensino de Língua Portuguesa. É professor da linha 1 - Teoria e Análise Linguística - a do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense. É vice-líder do Grupo de Estudos Discurso & Gramática (UFF) e desenvolve pesquisas em morfossintaxe sob a ótica da Linguística Funcional Centrada no Uso.

Simone Josefa da Silva, Universidade Federal Fluminense (UFF)

É bolsista CAPES do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense. É membro do Grupo de Estudos Discurso e Gramática (UFF) e desenvolve pesquisa em morfossintaxe diacrônica sob a ótica da Linguística Funcional Centrada no Uso.

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Publicado

2022-07-31