“Vê se lê este artigo”: o surgimento de uma construção idiomática com vê/veja se s no português brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n1a57235

Palavras-chave:

construções idiomáticas, vê/veja se, neoanálise, mudança linguística

Resumo

Este artigo busca delinear a trajetória diacrônica de uma construção idiomática com VÊ/VEJA SE S (como em “Vê se me liga” e “Vê se não se atrasa”) no português brasileiro. Tomando como base o arcabouço teórico da Gramática de Construções Baseada no Uso e o modelo de mudança proposto por Traugott e Trousdale (2013), buscamos fornecer explicações acerca do surgimento dessa construção na língua. Do ponto de vista metodológico, recorremos a uma análise quantitativa e qualitativo-interpretativa de dados extraídos do Corpus do Português. Em síntese, o que os resultados demonstram é que essa construção idiomática, especializada na função de dirigir uma cobrança ao interlocutor, surge no século XIX a partir de um mecanismo de neoanálise de construtos de uma construção de imperativo com complemento oracional.

Biografia do Autor

Dennis de Oliveira Alves, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Doutorando em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde cursou também o Mestrado em Linguística e a Licenciatura em Letras - Português/Latim. Atualmente, atua como professor de Língua Portuguesa na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ).

Diogo Oliveira Ramires Pinheiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Tem doutorado em Linguística e mestrado em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Professor Adjunto da UFRJ, onde atua em cursos de graduação (Letras e Fonoaudiologia) e no Programa de Pós-graduação em Linguística. Com atuação inserida no campo da Linguística Baseada no Uso (Linguística Cognitiva, Gramática de Construções, modelos baseados no uso), interessa-se principalmente pelos seguintes temas: (1) construções de intersubjetividade; (2) Linguística Baseada no Uso e ensino; (3) a relação entre semântica cognitiva (?construal?, ponto de vista, esquemas imagéticos, imagética convencional, espaços mentais, etc.) e Gramática de Construções; e (4) representação mental do conhecimento construcional.

Diego Leite de Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Graduado em Letras Português-Russo, mestre e doutor em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde atua no Departamento de Letras Orientais e Eslavas, lecionando língua russa para os alunos da graduação, e no Programa de Pós-graduação em Linguística, ministrando disciplinas e desenvolvendo pesquisas nas linhas "Modelos Funcionais Baseados no Uso" e "Variação e Mudança". Seus principais temas de investigação são construções de estrutura da informação (com ênfase em construções de foco), estudos comparados entre russo e português no campo da morfossintaxe (construções de cópula e alinhamento sintático) e estudos da tradução. Participa dos grupos de pesquisa "Programa de Estudos sobre o Uso da Língua" (PEUL) e do "Núcleo de Estudos em Eslavística" (SLAV). É editor da Revista Slovo, membro da Associação Brasileira de Linguística, da International Association of Cognitive Linguistics, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do GT de Sociolinguística da ANPOLL.

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Publicado

2023-04-27