Facilitação por similaridade construcional no processamento da l2: para além da correspondência palavra a palavra

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2022.v18n3a57337

Palavras-chave:

similaridade linguística, processamento de sentenças por bilíngues, surprisal, voz média, causativa resultativa.

Resumo

A similaridade estrutural entre as línguas de um bilíngue, definida pela correspondência da ordem de palavras, reflete os níveis de surprisal (efeito de frequência inverso) associados ao processamento de sentenças na L2. Similaridade tem efeitos de facilitação no processamento da L2 devido aos baixos níveis de surprisal de estruturas similares e ao acesso às representações mentais e padrões processuais disponíveis na L1. Dado que representações de estrutura argumental mapeiam estrutura morfossintática e sentido subjacente, este estudo investiga o contrabalanceamento na facilitação do processamento da L2 por construções que apresentam ordem de palavras equivalente no português brasileiro (PB) e no inglês mas diferem em seu sentido subjacente. Uma tarefa de leitura autocadenciada foi utilizada para comparar o processamento de resultativas e construções de voz média em inglês por bilíngues L1 PB L2 inglês de diferentes níveis de proficiência; estas construções encontram equivalentes estruturais no PB que não apresentam o mesmo sentido. As análises de palavras críticas e áreas de spillover feitas através de modelos lineares mistos mostraram RTs significativamente maiores para sentenças na voz média em relação às sentenças resultativas, com proficiência em L2 interagindo apenas com as sentenças de voz média. Os resultados sugerem que a facilitação é causada pela similaridade construcional como um todo e não apenas da correspondência palavra por palavra, dado que as diferenças na seleção lexical nas sentenças de voz média implicaram em maiores níveis de surprisal para os bilíngues do que a atribuição de papel de eventos ao adjetivo nas resultativas.

Biografia do Autor

Mara Passos Guimarães, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora Adjunta de Língua Inglesa na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Possui doutorado (2018) e mestrado (2016) em Estudos Linguísticos com ênfase na Psicolinguística do Bilinguismo pela mesma instituição. É pesquisadora no Laboratório de Psicolinguística (UFMG), e seus projetos de pesquisa na Psicolinguística Experimental têm foco nos seguintes temas: aprendizado distribucional na aquisição e no processamento da L2 por bilíngues tardios; proficiência em L2 e compartilhamento representacional bilíngue; efeitos de priming e surprisal translinguísticos; construção passiva no PB; neurociência educacional.

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Publicado

2022-12-10