Cláusulas insubordinadas no Português Arcaico: notas preliminares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n1a57700

Palavras-chave:

insubordinação, português arcaico, sintaxe histórica, funcionalismo

Resumo

Desde Evans (2007), inúmeras investigações acerca das cláusulas com forma de subordinada, mas com funcionamento sintaticamente independente têm sido desenvolvidas em diferentes línguas (EVANS; WATANABE, 2016). Esse fenômeno tem sido rotulado como insubordinação, embora existam descrições semelhantes que adotam outras nomenclaturas. Surge também do estudo pioneiro de Evans (2007) uma das hipóteses mais difundidas entre os estudiosos sobre as origens dessas estruturas, segundo a qual as cláusulas insubordinadas seriam fruto de um processo diacrônico em que a cláusula principal é elipsada e a cláusula subordinada é reanalisada, preservando traços formais da dependência sintática. A despeito da plausibilidade dessa hipótese, verificamos que grande parte das pesquisas em insubordinação tem examinado apenas dados sincrônicos, sem explorar efetivamente uma trajetória diacrônica de mudança que evidenciasse a hipótese da elipse. Diante disso, neste artigo, investigamos a existência de cláusulas insubordinadas no português arcaico, examinando documentos datados do século XIV e extraídos do Corpus Informatizado do Português Medieval (CIPM). Nosso intuito é verificar a hipótese diacrônica sobre a origem das insubordinadas em português. Este texto tem caráter preliminar, uma vez que os dados reportados são parte de um projeto mais amplo, no qual pretendemos mapear diacronicamente as ocorrências de cláusulas insubordinadas na história do português, partindo do século XIII até o século XXI. Nossos primeiros resultados fornecem evidências contrárias à hipótese da elipse, visto que encontramos mais de um padrão de insubordinação no texto histórico analisado. 

Biografia do Autor

Violeta Virginia Rodrigues, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Possui graduação em Português-Literaturas (1990), Especialização em Literatura Infanto-Juvenil (1991), Mestrado em Letras Vernáculas (1994) e Doutorado em Letras Vernáculas (2001) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez estágio Pós-Doutoral (de 01 de agosto 2012 a 10 de abril de 2013 e de 07 de março a 07 de dezembro de 2019) sob supervisão da Professora Doutora Maria Beatriz Nascimento Decat (FALE / POS-LIN / UFMG). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, integrando o quadro de docentes permanentes do Departamento de Letras Vernáculas - Setor de Língua Portuguesa -, atuando nos cursos de Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas. Tem experiência na área de Letras, atuando principalmente nos seguintes temas: Língua Portuguesa, Sintaxe (Processos sintáticos: Subordinação, Coordenação, Correlação, Justaposição); Funcionalismo (Gramaticalização de conectores; Desgarramento e insubordinação de cláusulas), Ensino de Língua Portuguesa e Redação (correção e avaliação).

  

Thiago Laurentino de Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Bacharel e Licenciado em Letras (Português-Literaturas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Mestre (2014) e Doutor (2018) em Letras Vernáculas (área de concentração: Língua Portuguesa) pela mesma instituição. Professor Adjunto (nível C-1) do Departamento de Letras Vernáculas (Setor de Língua Portuguesa) da UFRJ. Professor permanente dos Programas de Pós-Graduação em Linguística e em Letras Vernáculas da UFRJ. Membro do Projeto de Extensão Filologia e Sociedade: Memória e Identidade. Membro do GT de Sociolinguística da ANPOLL e associado da ABRALIN. Coautor do livro Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval, publicado pela Parábola Editorial (2018). Tem experiência na área de Letras e Linguística, com ênfase em Sociolinguística, Linguística Histórica e Língua Portuguesa. Atualmente, tem investigado os seguintes temas: a percepção e a avaliação sociolinguística de formas pronominais de segunda pessoa do singular; métodos experimentais para o estudo da variação linguística; os significados sociais das variantes morfossintáticas.

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Publicado

2023-04-27