Língua Geral de Mina: uma fotografia da história linguística dos africanos escravizados no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n1a58269

Palavras-chave:

história linguística, ecologia linguística, línguas Gbe.

Resumo

Este artigo aborda a história linguística dos africanos escravizados no Brasil, tomando como exemplo a Língua Geral de Mina (LGM), uma língua africana de origem Gbe documentada no Brasil no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro. O argumento central consiste em mostrar que a variedade Gbe oriunda da Costa da Mina continuou sendo falada no contexto colonial, preservando traços morfossintáticos característicos das línguas do grupo, como adjetivos atributivos reduplicados e verbos de complementação inerente, fenômenos analisados neste trabalho. Após a exposição dos aspectos teóricos que embasam a pesquisa, explicitamos os fatores ecológicos (MUFWENE, 2001; 2008) que garantiram a vitalidade da LGM no Brasil, sendo eles a homogeneidade etnolinguística dos povos Gbe, a estrutura socioeconômica da zona mineradora e as redes sociais estabelecidas pelos africanos escravizados em Minas Gerais. A discussão é acompanhada de dados linguísticos que reforçam a inserção da LGM nas interações sociais dos africanos mina naquela região. Com isso, temos o intuito de mostrar que as línguas são ferramentas mobilizadas pelos falantes a fim de atingir seus objetivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Wellington Santos da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Wellington Santos da Silva tem bacharelado em Letras (Português/Linguística) (2013), licenciatura em Língua Portuguesa (2021), mestrado em Letras (Linguística) (2016) e Doutorado em Letras (Linguística) (2020), todos os títulos concedidos pela Universidade de São Paulo. Realizou estágio de doutorado-sanduíche na Universiteit van Amsterdam, com bolsa CAPES-PRINT. Sua tese de doutorado recebeu o Prêmio Tese Destaque USP (2021) e menção honrosa no Prêmio de Teses CAPES (2021). Atuou como professor substituto junto ao Setor de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É pesquisador vinculado ao Centro de Documentação em Historiografia Linguística da USP e ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Sociolinguística do Maranhão (UFMA). Suas áreas de interesse são as seguintes: contato linguístico; línguas africanas no Brasil e sua influência na formação da gramática do português brasileiro; Linguística Histórica; História Linguística; Historiografia da Linguística.

Downloads

Publicado

2023-04-27