Identidades em movimento dialógico: a surdez no cotejo social

Resumo

O objetivo deste estudo é verificar se e como a ação das forças verboideológicas, centrípetas e centrífugas, relacionadas à surdez no contexto social, refletem os posicionamentos identitários de surdos e de mães ouvintes de filhos surdos, aprendizes de Libras no CAS Natal. A linguagem é uma força motriz movida por discursos heterogêneos, que acontecem em diferentes modalidades, tanto visuais quanto orais, as quais nos atravessam nas diferentes relações dialógicas tecidas socialmente e, consequentemente, refletem posicionamentos identitários. Por isso, lapidamos nosso olhar investigativo com base nos pressupostos da área INdisciplinar da Linguística Aplicada – LA (Moita Lopes, 2006, 2013; Kleiman, 2013), que traz à cena a voz de sujeitos marginalizados socialmente. O entendimento da linguagem como prática social do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, 2011, 2015; Volóchinov, 2018, 2019) nos lança a compreensão da ação das forças que criam tensões ideológicas capazes de subsidiar as constituições identitárias. Para discutir sobre as identidades, ancoramo-nos nos Estudos Culturais (Hall, 2014, 2020; Woodward, 2014), e sobre a Libras, recorremos aos Estudos Surdos (Baleiro Lodi, 2021; Lodi, 2006; Sá, 2010; Skliar, 1998; Perlin, 1998). A pesquisa consiste num estudo qualitativo-interpretativista, cujos dados foram retirados da dissertação de Mestrado de Lima (2022). Mediante as análises, reconhecemos o quanto as forças verboideológicas influenciam os posicionamentos identitários de sujeitos surdos e ouvintes, diante das representações sociais da surdez. Concluímos que a ação da força centralizadora está fortemente impregnada nos discursos que circulam socialmente sobre a surdez, sendo, concomitantemente, marcante a ação das forças centrífugas, as quais fortalecem a ressignificação desses discursos.