De oração modal ou condicional a operador argumentativo de acréscimo: o papel da intersubjetividade na emergência de [sem falar] no português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2024.v20n1a62905

Resumo

Neste artigo, descrevemos o uso e a emergência do operador argumentativo [sem falar] no português, empregado, no fluxo textual, para a inclusão de novos argumentos convergentes. Paralelamente, buscamos identificar as possíveis motivações cognitivas subjacentes a sua origem. Para esse fim, recorremos aos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Funcional Centrada no Uso (Rosário, 2022), em especial no que se refere às noções de intersubjetividade (Traugott; Dasher, 2002) e processos cognitivos gerais (Diessel, 2019). A pesquisa foi realizada com base em 301 ocorrências, extraídas de variados corpora (um sincrônico e três diacrônicos), analisadas em perspectiva quali-quantitativa. Os dados sincrônicos evidenciam que [sem falar] tem sido empregado preferencialmente como uma estratégia argumentativa para adicionar argumentos convergentes, a que se pode atribuir o estatuto de argumento de lambuja (cf. Koch, 2004). Paralelamente, os dados diacrônicos sugerem que [sem falar] surge no português por meio da analogização a uma construção de função semelhante: [sem contar]. No processo de mudança, sugerimos, a partir de nossas análises, que a nova categorização tenha sido motivada pela ação do mecanismo cognitivo da intersubjetividade, uma vez que esse uso inovador leva o ouvinte ou o leitor a atribuir, contextualmente, um novo sentido à construção: acréscimo, no lugar de modo ou condição negativos.

Biografia do Autor

Monclar Guimarães Lopes, Universidade Federal Fluminense (UFF)

É coordenador da Graduação em Letras (Licenciaturas) da Universidade Federal Fluminense e professor adjunto do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem dessa mesma universidade. É doutor em estudos linguísticos e mestre em língua portuguesa pela Universidade Federal Fluminense. É especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e graduado em Letras-Inglês pela Ferlagos. É vice-líder do Grupo de Estudos D&G-UFF e membro pesquisador do Grupo de Pesquisa Conectivos e Conexão de Orações (ambos sediados pela UFF), além de membro do Grupo de Trabalho Descrição do Português da ANPOLL. É autor de artigos publicados em revistas especializadas e em anais de congressos e de materiais para EAD. Tem experiência na área de Letras, atuando nos seguintes temas: Linguística Funcional Centrada no Uso, Referenciação e Ensino de Língua Portuguesa.

Brenda Penha de Oliveira, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Possui graduação em Letras (português/literaturas) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é mestranda do Programa de Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2024-04-21