Advérbios fóricos como expressão de intersubjetividade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2024.v20n1a63028

Resumo

Ao tratar de como a subjetividade e a intersubjetividade atuam na Gramática Discursivo Funcional, Mackenzie (2017) situa as relações objetivas no Nível Representacional e as relações subjetivas e intersubjetivas no Nível Interpessoal. As de natureza subjetiva ficam restritas ao falante, enquanto o fio condutor que rege as relações intersubjetivas consiste basicamente numa ênfase na orientação do falante para o ouvinte, permitindo distinguir três subcategorias de intersubjetividade: a atitudinal, orientada para o falante, a responsiva, orientada para o ouvinte, e a textual, que serve para organizar o discurso de que ambos são participantes. Pretendemos nos limitar a esse terceiro tipo de intersubjetividade. Com base em Mackenzie (2014) o fenômeno que elegemos aqui como objeto de estudo são advérbios fóricos de natureza locativa, como aqui, cá, aí, ali e lá, que fazem referência endofórica a entidades anteriormente mencionadas (anáfora) e a entidades posteriormente mencionadas (catáfora). A presente análise se baseia em exemplos de uso real da língua falada retirados do banco de dados Iboruna, (Gonçalves; Tenani, 2008), e exemplos de uso real da língua escrita retirados de edições da revista CartaCapital, especificamente das edições de junho de 2019 a junho de 2020. Os resultados mostram a existência da escala [Contexto Discursivo > Contexto Situacional Restrito > Contexto Situacional Abrangente], que prevê a existência de um acordo tácito entre os interlocutores na interação sobre a distância maior ou menor entre o conteúdo referenciado e o advérbio fórico envolvido. Quanto mais distante a relação, maior o ruído que causa na comunicação, situação que requer a reativação do referente mediante o uso do fórico junto com um sintagma preposicionado especificador.

Biografia do Autor

Roberto Gomes Camacho, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Tem graduação em Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1973), mestrado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1978), doutorado em Linguistica e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1984), pós-doutorado em Gramática Funcional pela Universidade de Amsterdã (2005), Livre-Docência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009) e pós-doutorado em Gramática Discursivo-Funcional pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional de Lisboa (2011). Aposentou-se em junho de 2018 como Professor Associado da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, onde atuou, na Graduação e na Pós-Graduação, nas linhas de pesquisa em Descrição Funcional de Língua Oral e Escrita e em Variação e Mudança Linguística. Continua a atuar como docente, orientador e pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos no regime de serviço voluntário, Publicou os livros "Classes de Palavras na Perspectiva Discursivo-Funcional". "O papel da nominalização no continuum categorial" em 2011 pela Editora da UNESP, "Da linguística formal à linguística social" em 2013 pela Editora Parábola e "Estratégias de relativização e construções alternativas nas línguas indígenas do Brasil", em coautoria com Gabriela Maria de Oliveira pela Editora Cultura Acadêmica da UNESP, em 2013. Foi coordenador da área de linguística da FAPESP de 2006 a 2013, Coordenador do Projeto de Pesquisa "Gramática do Português" da ALFAL de 2005 a 2015 e e Editor Responsável da Alfa-Revista de LInguística, de 2012 a 2016. Tem experiência nas áreas de Teoria e Análise Linguística e Sociolinguística e Dialetologia. É atualmente bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 1C.

Pedro Henrique Truzzi de Oliveira, Universidade Estadual Paulista (UNESP) - São José do Rio Preto

Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, desenvolvendo o projeto intitulado "Construções de Voz em Línguas Indígenas do Brasil", sob orientação do Prof. Dr. Roberto Gomes Camacho. Graduado em Licenciatura em Letras (Português/Francês) pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), na Universidade Estadual Paulista. Foi bolsista CAPES para a obtenção do título de mestre pelo programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos com o trabalho intitulado "A Expressão do Percurso na Gramática do Português". Participa do Grupo de Pesquisa em Gramática Funcional (GPGF) na Unesp/Ibilce  do grupo de pesquisa Fun*Cog, sediado na Universidade de Viena, Áustria. 

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Publicado

2024-04-21