Lacan e linguística cognitiva:
novos diálogos em torno da intersubjetividade
DOI:
https://doi.org/10.31513/linguistica.2024.v20n1a63039Resumo
Apesar das apostas históricas na relação entre linguística e psicanálise, o estado contemporâneo da relação entre as disciplinas é problemático e marcado por afastamentos. Visando reativar o diálogo entre os campos, discutimos a possibilidade de uma cooperação entre linguística cognitiva e psicanálise de influência lacaniana em torno da intersubjetividade. Ao menos desde 2001, há pesquisas aproximando a linguística cognitiva e a psicanálise. Contudo, é quase inexistente o contato dessas pesquisas com a obra de Lacan, não obstante sua insistência nas proximidades entre psicanálise e linguística. Além disso, são poucos os estudos que tematizam a dimensão epistemológica do diálogo, comparando as concepções de linguagem nos campos. Diante dos muitos desafios envolvidos neste intercâmbio, visamos demonstrar seu potencial interesse, desenvolvendo exercícios de aproximação baseados em três problemas: o lugar da linguagem entre natureza e humanidades, o trabalho com a significação e o papel da interação na constituição mútua do sujeito e da linguagem. Sugerimos, respectivamente, que ambos os campos demandam a construção de um quadro de relações complexas entre as variadas dimensões da linguagem humana; que a linguística cognitiva, com sua ênfase na construção dinâmica de significações, pode contribuir para a teorização da escuta clínica; e que a psicanálise lacaniana pode contribuir para uma teoria da interação em linguística, sublinhando as contradições em jogo na constituição de um sujeito falante.
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