Língua portuguesa e cidadania no Brasil uma agenda para o século XXI

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2024.v20n2a64471

Resumo

Por meio de uma abordagem interdisciplinar lato sensu (da linguística teórica à didática, passando pela sociolinguística) que parte dos direitos linguísticos previstos mais ou menos explicitamente pela Carta Magna constitucional do país, este trabalho tem como objetivo examinar as práticas didático-pedagógicas concretas, adotadas pelo Brasil do século XXI, que visam garantir, não apenas formalmente, a cidadania plena e ativa que tem a língua como elemento imprescindível, também e sobretudo em termos de educação e competência linguística, além de óbvio instrumento de livre expressão. Para tal fim, em vez de examinar as políticas linguísticas oficiais de inclusão/exclusão das minorias aloglotas internas (ou daquelas produzidas por novos fluxos migratórios), este trabalho se concentrará em seus mais interessantes aspectos ocultos, por exemplo, inscritos nas modalidades de ensino do português como língua materna, as quais, ainda que aparentemente inspiradas em princípios de cidadania, revelam-se de fato ainda hoje intrinsicamente discriminatórias, sobretudo no que se refere àquela maioria de falantes cujos usos não-padrão continuam não sendo contemplados pelo monocentrismo abstrato e prescritivo da escola, muitas vezes, infelizmente, ainda pouco capaz de formar verdadeiros cidadãos.
Palavras-chave: Cidadania. Língua portuguesa. Português brasileiro. Norma. Brasil.

Biografia do Autor

Roberto Mulinacci, Università di Bologna

Doutor em Iberística pela Universidade de Bologna, onde atualmente é professor titular de “Linguística portuguesa e brasileira”, atuando nos programas de graduação e pós-graduação. Seus principais interesses de pesquisa incluem gramática e ensino de português (com ênfase para o português brasileiro), história da gramaticografia sobre o português, pluricentrismo e sociolinguística da língua portuguesa contemporânea. Dentre as suas publicações mais recentes nessas áreas de conhecimento, destacam-se as seguintes: “(Re)construindo uma história do futuro: a emergência do português brasileiro no debate cultural do Brasil do final do Oitocentos” (Florianópolis, 2024); “Machado de Assis e o Português do Brasil: (Des)Encontros?” (Roma, 2024); “A importãncia de não ser “Pluricêntrico”. Teoria e praxe da (desejada) internacionalização do Português” (em parceria com Davi Albuquerque, Campina Grande, 2024).

JULIA SCAMPARINI, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Professora Associada do Departamento de Letras Neolatinas - Setor de Italiano da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. É graduada em Letras - Português (2001) com complementação em Linguística (2003) pela UNICAMP, é Mestre em Linguística pela UFRJ (2006) e Doutora em Letras Neolatinas - Italiano também pela UFRJ (2010). Foi pós-doutoranda vinculada ao Departamento de Ciências da Linguagem da UFF. Além da docência nas áreas de língua e cultura italiana, traduz do italiano ao português e desenvolve pesquisa em Linguística Cognitiva, Tradução e Intermidialidade. É membro do Núcleo de Estudos em Língua(gem) em Uso e Cognição (NELUC-UERJ/CNPq) e do Grupo de Pesquisa em Literatura Italiana e Tradução (PLIT-ILUFBA). Como tradutora literária, traduziu Não me pergunte jamais, de Natalia Ginzburg (2022) e Coisas que vi, ouvi, aprendi..., de Giorgio Agamben (2023), dentre outros.

Franciana Veras Torres, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Possui graduação em Arquivologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2004) e especialista em Tradução - Italiano pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2022). Graduanda em Letras - Português e Italiano pela UERJ. Atualmente atua como bolsista de italiano do Escritório Modelo de Tradução Ana Cristina César - UERJ, e como Agente de Apoio à Educação Especial na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

Downloads

Publicado

2024-08-21