O rap e o slam: vozes da resistência em contextos pós-coloniais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v26i49.48651

Palavras-chave:

Rap, slam, estado, poder, colonização

Resumo

Este artigo analisa a importância do rap e do slam para a articulação de vozes da resistência nos estados colonizados. Para isso, parte de estudos sobre as relações entre estado e poder nas obras de Norberto Bobbio e Pierre Bourdieu, encontrando as especificidades dessas relações em países colonizados no trabalho de teóricos pós-coloniais e decoloniais como Stuart Hall, Gayatri Spivak, Grada Kilomba, Boaventura de Sousa Santos, Aníbal Quijano, Walter Mignolo e Ailton Krenak. As composições analisadas são do rapper angolano MCK e da slammer brasileira Patrícia Meira. Os resultados apontam para uma poética coletiva no rap e no slam, que conecta sujeitos negros, pobres, periféricos, imigrantes, mulheres, LGBTQIA+, em sua experiência de opressão nos diferentes contextos pós-coloniais do mundo.

Biografia do Autor

Miguel Lombas, Universidade Federal do Oeste da Bahia

Graduado em Línguas e Literaturas Africanas pela Faculdade de Letras da Universidade Agostinho
Neto (UAN), de Angola, com pesquisa na área de Linguística, Letras e Artes. Mestrando do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB),
vinculado à linha de pesquisa Linguagem, Cultura e Poder. Pesquisador do projeto de pesquisa “Pós-
colonialismos em Língua Portuguesa: Linguagem, Identidade e Política”, da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Gustavo Henrique Rückert, Universidade Federal de Pelotas

Graduado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. Mestre e Doutor em Estudos de Literatura, com ênfase em Literaturas Portuguesa e Luso-Africanas pela mesma instituição. Professor Adjunto de Literaturas em Língua Portuguesa na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), com atuação na linha de pesquisa Linguagem, Cultura e Poder. Vice-presidente eleito da Associação Internacional de Estudos Literários e Culturais Africanos (AFROLIC), gestão 2020-2022.

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Publicado

2022-08-07