“Throw me away”. Prolegômenos para uma antropologia literária do resíduo
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v19i32.10269Schlagworte:
Sujeira e lixo na literatura, Ritos de purificação, Liminalidade, Modernidade.Abstract
Tradução do alemão: Patrick Gert Bange (UFRJ)
Revisão técnica: Luciana Villas Bôas (UFRJ)
A antropologia social inclui a sujeira, os restos e o lixo numa categoria ambivalente, liminal, que põe em risco a ordem social, mas guarda também um potencial para a sua renovação. Este artigo enfoca duas tendências que se interseccionam na história da modernidade: de um lado, a progressiva remoção de despojos e do lixo do espaço público, realizada pelas instituições de coleta e saneamento; e, de outro, o interesse crescente por fenômenos sujos e abjetos manifesto na literatura. Tomando textos de Goethe, Mayhew, Dickens e Kafka como ponto de partida, argumento que a literatura se empenha em aderir à função ritual da regeneração pela sujeira, que é banida pelas sociedades odernas em sua cruzada pela pureza e a limpeza.
Abstract: Social anthropology conceives of dirt, waste and trash as an ambivalent, liminal category: It endangers social order, but it also harbors the potential for its renewal. This article focuses on two intersecting tendencies within the history of modernity: on the one hand, the progressive banishment of waste and trash from public space, effected by the institution of refuse disposal and sanitary systems; on the other hand, the increasing interest in dirty and abject phenomena articulated by literature. Taking my cue from texts by Goethe, Mayhew, Dickens and Kafka, I argue that literature strives to adopt the ritual function of regeneration through dirt ousted by modern societies in their crusade for purity and cleanliness.
Keywords: Dirt and trash in literature; Rites of purification; Liminality; Modernity.
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