Imagens da história a contrapelo

Authors

  • Paulo Cezar Maia

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v12i18.11070

Abstract

Tautologia e revelação, as fotografias sempre se ressignificam fora de contexto. Entretanto, a visão sobre elas perde a passividade na medida em que se conhecem as suas condições de produção. A partir dos poemas “Os mortos
de sobrecasaca” e “Retrato de família”, talvez se possa afirmar que haja uma apropriação do mecanismo técnico da produção de imagens no procedimento poético de Carlos Drummond. Não é novidade falar da importância do olhar
como metáfora na sua poesia, o que se acredita novo é ver a dinâmica dessa metáfora na sua forma poética, principalmente através do recurso do enquadramento e do zoom de que se vale o poeta, por exemplo, na análise do retrato familiar. “Arrancar a tradição do conformismo” e “escovar a história a contrapelo” são duas das teses sobre o conceito da história formuladas
por Benjamin em 1940, no mesmo momento em que o conformismo fascista arrancava da tradição o direito de uma outra história ser escrita. Havia uma disposição revolucionária até a década de quarenta e é nesta época que Drummond publica Sentimento do mundo e Rosa do povo onde estão os dois poemas analisados. A crença na revelação de uma outra história e a
certeza da necessidade de disposição revolucionária no esforço revelador justificam o procedimento poético sugerido na sua poesia.

Published

2017-06-29