Macunaíma, embranquecimento e identidade
DOI:
https://doi.org/10.59488/tragica.v13i2.35575Keywords:
Embranquecimento, Identidade, Lélia Gonzalez, Macunaíma, RacismoAbstract
O presente artigo pretende discutir as condições de nascimento da identidade política negra nas sociedades racistas da América Latina. A partir de uma hipótese de leitura de Macunaíma (o herói sem nenhum caráter) na qual haveria na obra de Mário de Andrade um processo de embranquecimento correspondente à viagem do herói para São Paulo, definimos e distinguimos os conceitos de idiossincrasia de governanças e idiossincrasia racial. Em seguida, apropriamo-nos e movimentamos os conceitos de “consciência e memória”, “sujeito/‘Eu’”, “ser negro” e “perspectivismo das narrativas e da História”, baseados nos escritos de Lélia Gonzalez, para questionarmos a identidade do movimento negro. E, por fim, propomos uma “identidade”/afinidade (identidade Macunaíma), para o movimento negro revolucionário contemporâneo, atenta aos processos e políticas de embranquecimento das colônias luso-espanholas.References
ANDRADE, M. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Ubu, 2017.
ANDRADE, M. A Raymundo Moraes. Diário Nacional, São Paulo, ano 5, nº 1262, 20 set. 1931, p.3.
ASSUMPÇÃO, C. Não pararei de gritar: poemas reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
CABRAL, A. “La cultura, fundamento del movimiento de liberación”. El Correo, UNESCO, ano XXVI, n. 11, 1973
CARVALHO, I; PASTERNAK, S.; BÓGUS, L. Transformações metropolitanas: São Paulo e Salvador. In: Caderno CRH. Salvador, v. 23, nº. 59, 2010, p. 301-321. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/ccrh/v23n59/07.pdf>. Acesso em: 20 de abril de 2020.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol.1. São Paulo: Ed. 34, 1995.
DOMINGUES, P. Negros de almas brancas? A ideologia do branqueamento no interior da comunidade negra em São Paulo, 1915-1930. In: Estudos afro-asiáticos. Rio de Janeiro, v. 24, nº. 3, 2002, pp. 563-600. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/eaa/v24n3/a06v24n3.pdf>. Acesso em: 15 de abril de 2020.
FIRMINO; DOMÊNICO et al. História pra ninar gente grande. Samba-enredo 2019 da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Disponível em: < https://liesa.globo.com/2019/por/03-carnaval/sambasenredo/mangueira/mangueira.html>. Acesso em 02 de maio de 2020.
FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: NAU, 2013.
______________. Nietzsche, a genealogia e a história. In: MACHADO. R. (org.). Microfísica do poder. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018, pp. 55-86.
GONZALEZ, L. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. Rio de Janeiro: Diáspora Africana, 2018.
_____________. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo brasileiro. Rio de Janeiro, v. 92, nº. 93, p. 69-82, 1988.
HARAWAY, D. O Manifesto Ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: SILVA, T. (org.). Antropologia do ciborgue: As vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2009, pp. 33-118.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019
LIMA, S. Amazônia babel: línguas, ficção, margens, nomadismos e resíduos utópicos. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014.
MAIA, G. Mario de Andrade: a viagem e o viajante. In: Organon. Rio Grande do Sul, v. 17, nº. 34, 2003, pp. 157-179.
MORAES, W. Estadolatria, plutocracias, governanças sociais e institucionais – preâmbulo de um paradigma anarquista de análise. OTAL, 2018. Disponível em: < http://www.otal.ifcs.ufrj.br/estadolatria-plutocracias-governancas-sociais-e-institucionais-preambulo-de-um-paradigma-anarquista-de-analise1/>. Acesso em: 5 de abril de 2020.
MOTA, C. São Paulo: exercício de memória. In: Estudos avançados. São Paulo, v. 17, nº. 48, 2003, pp. 241-263. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/ea/v17n48/v17n48a20.pdf>. Acesso em: 05 de abril de 2020.
NASCIMENTO, A. O Quilombismo. In: NASCIMENTO, A. O quilombismo: documentos de uma militância pan-africanista. Rio de Janeiro: Perspectiva, 2019.
NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
_____________. Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
_____________. Schopenhauer como educador: considerações extemporâneas. São Paulo: Mundaréu, 2018.
_____________. Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida. São Paulo: Hedra, 2014.
_____________. Sobre a verdade e mentira no sentido extramoral, Genealogia da Moral. São Paulo: Hedra, 2008.
OSÓRIO, R. O sistema classificatório de "cor ou raça" do IBGE. Brasília: IPEA, 2003. Disponível em: < https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0996.pdf>. Acesso em 08 de fevereiro de 2020.
PETRONE, R. A cidade de São Paulo no século XX. In: Revista de História. São Paulo, v. 10, nº. 21-22, p. 127-170, 1955. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/36445/39168>. Acesse em: 05 de abril de 2020.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Colección Sur Sur, Clacso, set. 2005. p. 107-131
RAMOSE, M. Sobre a Legitimidade e o Estudo da Filosofia Africana. In: Ensaios Filosóficos. Rio de Janeiro, v. IV, out.-2011. Disponível em: < http://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo4/RAMOSE_MB.pdf>. Acesso em: 09 de março de 2020.
RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
RATTS, A.; RIOS, F. Lélia Gonzalez. São Paulo: Selo Negro, 2010.
RODRIGUES, C. Ser e devir: Butler leitora de Beauvoir. In: Cadernos Pagu. Campinas, nº. 56, 2019.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors retain the copyright and grant the journal the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY) license. This license allows third parties to remix, adapt, and create from the published work, attributing authorship and initial publication in this journal. Authors are authorized to assume additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g. publishing in an institutional repository, on a personal website, publishing a translation, or as a book chapter), with recognition of authorship and initial publication in this journal.