Macunaíma, embranquecimento e identidade

Autores

  • Ygor Corrêa Leite Pena Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

DOI:

https://doi.org/10.59488/tragica.v13i2.35575

Palavras-chave:

Embranquecimento, Identidade, Lélia Gonzalez, Macunaíma, Racismo

Resumo

O presente artigo pretende discutir as condições de nascimento da identidade política negra nas sociedades racistas da América Latina. A partir de uma hipótese de leitura de Macunaíma (o herói sem nenhum caráter) na qual haveria na obra de Mário de Andrade um processo de embranquecimento correspondente à viagem do herói para São Paulo, definimos e distinguimos os conceitos de idiossincrasia de governanças e idiossincrasia racial. Em seguida, apropriamo-nos e movimentamos os conceitos de “consciência e memória”, “sujeito/‘Eu’”, “ser negro” e “perspectivismo das narrativas e da História”, baseados nos escritos de Lélia Gonzalez, para questionarmos a identidade do movimento negro. E, por fim, propomos uma “identidade”/afinidade (identidade Macunaíma), para o movimento negro revolucionário contemporâneo, atenta aos processos e políticas de embranquecimento das colônias luso-espanholas.

Biografia do Autor

Ygor Corrêa Leite Pena, Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mestrando na linha de pesquisa de gênero, raça e colonialidade do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) da UFRJ, e integrante do grupo de pesquisa NFC (Núcleo de Filosofias da Criação) e CPDEL (Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias). Contato: ygor_pena@ufrj.br

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Publicado

2020-08-31