O pensamento trágico ao longo do tempo: Nietzsche e seus predecessores
DOI:
https://doi.org/10.59488/tragica.v16i3.59866Palabras clave:
Pensamento trágico, Filosofia trágica, Nietzsche, Clément Rosset.Resumen
A partir da autodenominação de filósofo trágico feita por Nietzsche em Ecce Homo, este artigo objetiva estudar a presença do pensamento trágico em filósofos anteriores a Nietzsche, como Lucrécio, Michel de Montaigne, Blaise Pascal e Baltasar Gracián. O trágico é compreendido como a afirmação incondicional da vida frente ao que há de mais estranho, inexplicável e irracional na existência. Embora de épocas distintas e com formas de pensar e escrever diferentes, estes filósofos se opuseram, cada qual a seu modo, à racionalidade socrática, ao pensamento moral, aos condicionantes metafísicos para afirmar, também de modos diversos, a ausência de natureza, como em Lucrécio; a contestação do racionalismo, como em Montaigne; a contradição inconciliável, como em Pascal; e, finalmente, a ética da ocasião, como em Gracián. Estes filósofos podem ser compreendidos, na perspectiva de Clément Rosset, como pensadores artificialistas, em oposição aos naturalistas, que buscam constituir a filosofia em um sistema racional de explicação e duplicação do mundo. Os resultados do estudo apontam que o pensamento trágico se organiza pela conjunção das ideias de nada, acaso e convenção, em consonância com a afirmação incondicional da vida.
Citas
ALMEIDA, Rogério de. O pensamento trágico de Clément Rosset. Revista Trágica: estudos de filosofia da imanência, Rio de Janeiro, v. 12, nº 1, p. 11-37, 2019.
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus. Vol. 1. São Paulo: Palas Athenas, 2008.
Carpeaux, Otto Maria. História da Literatura Ocidental. Vol. 3. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1961.
COMPAGNON, Antoine. Un verano com Montaigne. Madrid: Paidós Ibéria, 2012.
DELEUZE, Gilles. Lógica do Sentido. São Paulo: Perspectiva, 2003.
DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a filosofia. São Paulo: n-1 edições, 2018.
GRACIÁN, Baltasar. Oráculo Manual y Arte de Prudencia. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 1999. Disponível em http://www.cervantesvirtual.com/nd/ark:/59851/bmcvt1m2. Acesso em: 19 dez. 2022.
Gracián, Baltasar. El Discreto. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2005. Disponível em: www.cervantesvirtual.com/nd/ark:/59851/bmc599z9. Acesso em: 19 dez. 2022.
LEOPOLDO E SILVA, Franklin. Pascal: condição trágica e liberdade. Cad. Hist. Fil. Ci. Campinas, Série 3, v. 12, n. 1-2, p. 339-356, jan.-dez., 2002.
LESKY, Albin. A tragédia grega. São Paulo: Perspectiva, 1996.
MACHADO, Roberto. Nascimento do trágico: de Schiller a Nietzsche. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. Tradução de Sérgio Milliet. 4a ed. Col. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
NIETZSCHE, Friedrich. Ecce Homo: como alguém se torna o que é. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos ou Como se Filosofa com o Martelo. Petrópolis/RJ: Vozes, 2014.
NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na era trágica dos gregos. Lisboa: Edições 70, 2009.
PASCAL, Blaise. Pensamentos. (Col. Os Pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1984.
ROSSET, Clément. Lógica do Pior: elementos para uma filosofia trágica. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989a.
ROSSET, Clément. A Anti-Natureza: elementos para uma filosofia trágica. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989b.
ROSSET, Clément. Alegria: a força maior. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
SZONDI, Peter. Ensaio sobre o trágico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado simultaneamente sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY). Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (por exemplo: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.