O pensamento trágico ao longo do tempo: Nietzsche e seus predecessores
DOI:
https://doi.org/10.59488/tragica.v16i3.59866Palavras-chave:
Pensamento trágico, Filosofia trágica, Nietzsche, Clément Rosset.Resumo
A partir da autodenominação de filósofo trágico feita por Nietzsche em Ecce Homo, este artigo objetiva estudar a presença do pensamento trágico em filósofos anteriores a Nietzsche, como Lucrécio, Michel de Montaigne, Blaise Pascal e Baltasar Gracián. O trágico é compreendido como a afirmação incondicional da vida frente ao que há de mais estranho, inexplicável e irracional na existência. Embora de épocas distintas e com formas de pensar e escrever diferentes, estes filósofos se opuseram, cada qual a seu modo, à racionalidade socrática, ao pensamento moral, aos condicionantes metafísicos para afirmar, também de modos diversos, a ausência de natureza, como em Lucrécio; a contestação do racionalismo, como em Montaigne; a contradição inconciliável, como em Pascal; e, finalmente, a ética da ocasião, como em Gracián. Estes filósofos podem ser compreendidos, na perspectiva de Clément Rosset, como pensadores artificialistas, em oposição aos naturalistas, que buscam constituir a filosofia em um sistema racional de explicação e duplicação do mundo. Os resultados do estudo apontam que o pensamento trágico se organiza pela conjunção das ideias de nada, acaso e convenção, em consonância com a afirmação incondicional da vida.
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