EMPÉDOCLES, ARISTÓTELES E OS ELEMENTOS

Autores

  • Fernando José De Santoro Moreira Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.47661/afcl.v6i12.1452

Palavras-chave:

Empédocles, Pré-Socráticos, elemento, Aristóteles,

Resumo

Queremos levantar algumas questões referentes à tese que trata do materialismo de Empédocles a partir da ideia de elemento. O termo “elemento” não aparece no poema, por isso, a primeira questão é se faz realmente sentido falar de “elemento” na física de Empédocles. Observemos, paralelamente, que a ideia de elemento tem pelo menos duas leituras possíveis, e ambas podem ser encontradas no primeiro livro da Metafísica de Aristóteles: uma leitura de caráter temporal, que encontramos na sua definição (983b 6-11), outra de caráter mais geométrico que aparece na apresentação dos atomistas e faz analogia com as letras do alfabeto (985b 15-19). Esta outra aparece também no tratado De Generatione et Corruptione (315b9-15) em que os interlocutores de Aristóteles são os pensadores itálicos -- e particularmente Empédocles e os atomistas. A crítica que Aristóteles fará às contestações de Empédocles quanto à realidade da geração e corrupção, porque este diz que não há nascimento nem morte, mas tão somente mistura e crase (DK 31 B8), é toda baseada em uma concepção da subsistência ou não da essência (οá½ÏƒÎ¯Î±). Além das alterações de ordem qualitativa, quantitativa e espacial, que podem ser explicadas segundo as teorias das diferenças de composição elementar dos atomistas, Aristóteles requer também a compreensão de uma alteração mais radical da forma, quando um corpo inteiro deixa de ser isto que ele é ou vem a ser de algo que ele não era. Nesta visada, Empédocles seria, para Aristóteles, um pensador que pouco difere dos atomistas. Para os Atomistas, e para Empédocles, assim como também para os Eleatas, não há realmente geração e corrupção.

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Biografia do Autor

Fernando José De Santoro Moreira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1998. Realizou um pós-doutorado em Filosofia na Universidade de Paris IV em 2000. Foi professor visitante na École Normale Supérieure de Paris nos anos acadêmicos de 2010/11 e 2013. Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos no biênio 2010/11. Atualmente é Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia e Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou 26 artigos em periódicos especializados. Possui 25 capítulos de livros e 7 livros publicados e organizou 3 livros. Orientou 13 dissertações de mestrado e 6 teses de doutorado, além de ter orientado 17 trabalhos de iniciação científica e 21 trabalhos de conclusão de curso nas áreas de Filosofia e Letras. Recebeu 8 prêmios e/ou homenagens. Atualmente coordena 2 projetos de pesquisa e dirige o Laboratório OUSIA de Estudos em Filosofia Clássica. Atua na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Antiga e Estética.

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Publicado

2012-07-25

Edição

Seção

Artigos