Odysseus's request and the need for song

Authors

  • Stephen Halliwell

DOI:

https://doi.org/10.47661/afcl.v3i5.16881

Keywords:

imitação. mímesis. produção. falso. arte. natureza.

Abstract

Resumo:

Como um caso teste para a tese de que os problemas mais importantes da poética grega (e não menos da ‘poética das paixões') já estão criativamente reconhecidos na própria poesia grega, este artigo propõe uma reconsideração íntima de partes de um dos mais notáveis episódios na Odisseia de Homero: a cena na corte dos feácios no canto VIII, em que Odisseu escuta as canções do bardo cego Demódoco. Meu foco central está nas reações de Odisseu (lacrimejando e chorando) às primeira e terceira das canções de Demódoco, que concernem eventos anteriores e durante a Guerra de Troia envolvendo o próprio Odisseu. Os estudiosos seguiram majoritariamente a perspectiva de que a intensa resposta emocional de Odisseu, diferentemente do prazer surtido na audiência feácia com as performances de Demódoco, mostra que seus sentimentos ‘autobiográficos' impedem uma apreciação dos cantos, do mesmo modo que os sentimentos de Penélope com sua própria vida a levam, no canto I, a interromper o canto de Fêmio sobre o fatídico retorno de Troia dos gregos. Mas se tem dado insuficiente atenção ao profundo enigma sobre o comportamento de Odisseu (e uma expressiva diferença do comportamento de Penélope no canto I) que desafia tal leitura. Dado que Odisseu acha o primeiro canto de Demódoco tão emocionalmente arrasador, porque é que ele efetivamente solicita o terceiro canto -- e precisamente embasado em sua admiração do primeiro? Por que ele escolhe se expor uma segunda vez às turbulentas emoções que o cantar de Demódoco sobre a Guerra de Troia provoca nele? Meu tratamento deste enigma presta uma atenção minuciosa a vários aspectos da cena, não limitado aos termos em que Odisseu faz a sua solicitação do terceiro canto. Eu mostro que em resposta a Demódoco, Odisseu apresenta uma necessidade de algo que os cantos lhe dão, mas que vai além da natureza das suas memórias em primeira pessoa. Como Aquiles e Helena na Ilíada, Odisseu parece considerar o canto como um recurso para transformar o terrível fardo de sua história de vida em um objeto de expressivo poder em si mesmo. A narrativa homérica é em si mesma um endosso dessa ‘protopoética', mas de tal modo que desafia a redução em abstrações de poéticas teóricas.

Paavras-chave: imitação. mímesis. produção. falso. arte. natureza.

Abstract:

As a test case for the claim that the most important problems in Greek poetics (not least 'the poetics of the passions') are already creatively recognised in Greek poetry itself, this paper offers a close reconsideration of parts of one of the most remarkable episodes in Homer's Odyssey: the scene at the Phaeacian court in Book 8 where Odysseus listens to the songs of the blind bard Demodocus. My central concern is with Odysseus's reactions (weeping and sobbing) to the first and third of Demodocus's songs, which deal with events before and during the Trojan War involving Odysseus himself. Scholars have mostly followed the view that Odysseus's intensely emotional response, unlike the pleasure taken in Demodocus's performances by the Phaeacian audience, shows that his 'autobiographical' feelings impede an appreciation of the songs, just as Penelope's feelings about her own life lead her in Book 1 to interrupt Phemius's song about the fateful return of the Greeks from Troy. But insufficient attention has been paid to a deep enigma about Odysseus's behaviour (and a telling difference from Penelope's behaviour in Book 1) which undermines such a reading. Given that Odysseus finds Demodocus's first song so emotionally overwhelming, why is it that he actually requests the third song -- and precisely on the basis of his admiration for the first? Why does he choose to expose himself a second time to the turbulent emotions which Demodocus's singing about the Trojan War arouses in him? My treatment of this enigma pays detailed attention to various aspects of the scene, not least the terms in which Odysseus makes his request for the third song. I argue that in his response to Demodocus Odysseus displays a need for something that the songs give him but which goes beyond the nature of his first-person memories. Like the Iliadic Achilles and Helen, Odysseus seems to regard song as a means of transforming the terrible burden of his life-story into an object of expressive power in its own right. The Homeric narrative is itself an enactment of this 'proto-poetics', but one which defies reduction to the abstractions of theoretical poetics.

Keywords: imitation. mimesis. production. false. art. nature.

Published

2018-04-17

Issue

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Artigos