Os grandes debates dos anos 1920: notas sobre o feminino, em psicanálise

Autores

  • Camila Terra da Rosa Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre/RS https://orcid.org/0000-0003-4927-876X
  • Amadeu de Oliveira Weinmann Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre/RS

DOI:

https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2021v73i3p.23-38

Resumo

Este trabalho tem como foco a emergência de uma geração de psicanalistas mulheres, nos anos 1920, cuja autoria foi reconhecida e que encontrou um  lugar na história do movimento psicanalítico. A partir de um breve contraste  com a geração de psicanalistas mulheres dos anos 1910, o artigo  interroga: o que tornou possível às analistas dos anos 1920 ocuparem um  novo lugar? Nesse sentido, realçamos dois processos: o avanço das lutas  feministas, encarnadas no movimento sufragista, e a abertura de um tempo  em que as controvérsias, no movimento psicanalítico, não implicam,  necessariamente, rupturas. A partir do Congresso de Berlim, em 1922, três  temas dominaram os debates: a formalização da prática clínica, a análise de crianças e a sexualidade feminina. Nossa hipótese é de que o problema  do feminino perpassa esses três temas como efeito de uma marca  instaurada pela geração de 1910, que a de 1920 ativa, retrospectivamente.

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Publicado

2022-09-13

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa Original