Geoquímica Orgânica de Folhelhos da Formação Pojuca, Bacia do Recôncavo, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11137/1982-3908_2021_44_40847Palavras-chave:
Pirólise Rock-Eval, Isótopos Estáveis de Carbono Orgânico, Paleoambiente deposicionalResumo
A bacia sedimentar do Recôncavo, localizada no estado da Bahia, desde a descoberta de petróleo, no final dos anos 30 em Lobato, tem sido intensamente explorada. Atualmente, após 80 anos de exploração ininterrupta é considerada como uma bacia madura. Contudo, ainda é objeto de pesquisas exploratórias e de estudos de cunho acadêmico. Constitui parte integrante do sistema de riftes intracontinentais Recôncavo-Tucano-Jatobá, e seus sistemas petrolíferos possuem em comum a Formação Candeias como rocha geradora principal, depositada na sequência sin-rifte, de idade eocretácea (Berriasiano). Entretanto, avalia-se que a Bacia do Recôncavo é portadora de outros níveis de folhelhos com potencial gerador de hidrocarbonetos; sendo que a própria ANP considera que a Formação Pojuca também apresenta alto potencial gerador, ponderando que a mesma ocorre, em boa parte da bacia, fora da janela de geração. Assim, este trabalho objetiva avaliar a potencialidade para geração de hidrocarbonetos, o estágio de maturação térmica, e o paleoambiente deposicional dos folhelhos da Formação Pojuca, depositadas também na fase sin-rifte, porém de idade relativamente mais jovem (Hauteriviano-Barremiano) que a Formação Candeias. Foram coletadas 48 amostras de folhelhos de um testemunho cortado pelo poço 9-FBA-79-BA, próximo à cidade de Aramari, no estado da Bahia. Os teores de carbono orgânico total (COT) variaram de 1,24 a 4,85 % e os resultados da pirólise Rock-Eval indicam querogênio predominantemente dos tipos I/II, potencial gerador de hidrocarbonetos (S2) variando de pobre a excelente (1,26 a 26,56 mg HC/g rocha), baixa a boa concentração de hidrocarbonetos livres (S1) e temperatura máxima (Tmax) da pirólise Rock-Eval que sugere imaturidade termal das amostras (<440oC). Através da análise de isótopos estáveis de carbono (-33,83‰ a -21,54‰), foi possível inferir que o paleoambiente deposicional da Formação Pojuca foi lacustre com variações na salinidade da água.
Referências
Amaral, D.N., Cerqueira, J.R., Andrade, C.L.N., Ribeiro, H.J.P.S., Garcia, K.S., Miranda, F.L.C., Oliveira, O.M., Queiroz, A.F. & Santos, L.C.L. 2020, ‘Paleoenvironmental characterization of a Lower Cretaceous section of the Recôncavo Basin, Bahia, Brazil’, Brazilian Journal of Geology, vol. 50, no. 3, pp. 1-11.
https://doi.org/10.1590/2317-4889202020190058
Balbinot, M. & Kalkreuth, W. 2010, ‘Organic geochemistry and petrology of the Gomo Member, Recôncavo Basin’, Brazil. International Journal of Coal Geology, vol. 84, no. 3–4, pp. 286–92.https://doi.org/10.1016/j.coal.2010.09.008
Beckel, J. 1964, ‘Depositos de sulfetos sinsedimentares: um processo exalativo de salmouras conatas metalífera’, Revista Brasileira de Geociências, vol. 14, no. 4, pp. 183-93.
http://bjg.siteoficial.ws/1984/n4/beckel.pdf
Casilli, A., Silva, R.C., Laakia, J., Oliveira, C.J.F., Ferreira, A.A., Loureiro, M.R.B., Azevedo, D.A. & Neto, F.R.A. 2014, ‘High resolution molecular organic geochemistry assessment of Brazilian lacustrine crude oils’, Organic Geochemistry, vol. 68, no. 61-70. https://doi.org/10.1016/j.orggeochem.2014.01.00
Coutinho, L.F.C. 2008, ‘Análise do balanço material do petróleo em uma região em fase de exploração matura – Bacia do Recôncavo, Brasil’, Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro. http://www.coc.ufrj.br/pt/teses-de-doutorado/152-2008/1146-luiz-felipe-carvalho-coutinho
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 2006, GeoSGB – Dados, informações e produtos do serviço geológico do Brasil, Brasil, visualizado em 20 de dezembro 2020, <http://geosgb.cprm.gov.br/>
Corrar, L J., Paulo, E. & Dias Filho, J. M. 2007, Análise multivariada: para os cursos de administração, ciências contábeis e economia, Atlas, São Paulo. ISBN: 9788522447077
CPRM - vide Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.
Dean, W.E., Arthur, M.A. & Claypool, G.E., 1986, ‘Depletion of 13C in Cretaceous marine organic matter: Source, diagenetic, or environmental signal?’, Marine Geology, vol. 70, no. 1-2, pp. 119-157. https://doi.org/10.1016/0025-3227(86)90092-7
Dembicki Jr, H. 2009, ‘Three common source rock evaluation errors made by geologists during prospect or play appraisals’, AAPG Bulletin, vol. 93, no. 3, pp. 341– 56.
https://doi.org/10.1306/10230808076
Espitalié, J., Laporte, M., Madec, M., Marquis, F., Leplat, P., Paulet, J. & Boutefeu, A. 1977, ‘Méthode rapide de caractérization des roches mères, de leur potentiel pétrolier et de leur degré d’évolution’, Revue de l’Institut Français du Petrole, vol. 32, no. 1, pp. 23-42. https://doi.org/10.2516/ogst:1977002
Euzébio, R.S., Reis, D.E.S., Brito, M.A.R.C., Bergamaschi, S., Martins, M.V.A. & Rodrigues, R. 2016, ‘Oil generation potential assessment and paleoenvironmental interpretation of Irati Formation (Lower Permian) in northwestern of Paraná Basin (Brazil)’, Journal of Sedimentary Environments, vol. 1, no. 2, pp. 261-274. https://doi.org/10.12957/jse.2016.23388
Figueiredo, A.M.F., Braga, J.A.E., Zabalaga, J.C., Oliveira, J.J., Aguiar, G.A., Silva, O.B., Mato, L.F., Daniel, L.M.F., Magnavita, L.P. & Bruhn, C.H.L. 1994, ‘Recôncavo Basin, Brazil: A prolific intracontinental Rift Basin’ in S.M. Landon (ed.), Interior Rift Basins, American Association of Petroleum Geologists, Tulsa, pp. 157-203.
Gaglianone, P.C. & Trindade, L.A.F. 1988, ‘Caracterização geoquímica dos óleos da Bacia do Recôncavo’, Geochimica Brasiliensis, vol. 2, no. 1, pp. 15-39. http://dx.doi.org/10.21715/gb.v1i2.13
Guzzo, J.V.P. 1997, ‘Estratigrafia integrada e Paleolimnologia de uma seção de idade Aratu (Eucretácio) da Bacia do Recôncavo, NE do Brasil’, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Hedges, J. I. & Stern, J. H. 1984, ‘Carbon and nitrogen determinations of carbonate‐containing solids’, Limnology and oceanography, vol. 29, no. 3, pp. 657-63.
https://doi.org/10.4319/lo.1984.29.3.0657
Hunt, J. M. 1996, Petroleum Geochemistry and Geology, 2nd edn, Ed. Freeman, São Francisco. ISBN 0-7167-2441-3.
Lafargue, E., Marquis,F. & Pillot, D. 1998, ‘Les applications de Rock-Eval 6 dans l'exploration et la production des hydrocarbures, et dans les études de contamination des sols’, Institut Français du Pétrole, vol. 53, no. 4, pp. 421–37.
https://doi.org/10.2516/ogst:1998036
Magnavita, L. P. 1992, ‘Geometry and kinematics of the Recôncavo-Tucano_Jatobá Rift, NE Brazil’, Tese de doutorado, Universidade de Oxford.
Magnavita, L. P., Silva, R. R. & Sanches, C. P. 2005, ‘Roteiros geológicos: Guia de Campo da Bacia do Recôncavo, NE do Brasil’, Boletim de Geociências da Petrobras – Bacias rifte, vol. 13, no. 2, pp. 301-34.
Mello, M.R., Mohriak, W.U., Koutsoukos, E.A.M. & Bacoccoli, G. 1994, ‘Selected petroleum systems in Brazil’ in L.B. Magoon & W.G. Dow (eds.), The Petroleum System - from Source to Trap, American Association of Petroleum Geologists, Tulsa,pp. 499-512. https://doi.org/10.1306/M60585
Mello, M.R., Gaglianone, P.C., Brassell, S.C. & Maxwell, J.R. 1988, ‘Geochemical and biological marker assessment of depositional environments using Brazilian offshore oils’, Marine and Petroleum Geology, vol. 5, pp. 205-23. https://doi.org/10.1016/0264-8172(88)90002-5
Peters, K.E. 1986, ‘Guidelines for evaluating petroleum source rock using programmed Pyrolysis’, AAPG Bulletin, vol. 70, no. 3, pp. 318-29. https://doi.org/10.1306/94885688-1704-11D7-8645000102C1865D
Peters, K.E. & Cassa, M.R. 1994, ‘Applied source rock geochemistry’ in L.B. Magoon & W.G. Dow (eds), The Petroleum System – from Source to Trap. American Association of Petroleum Geologists, Tulsa, pp. 93-120. https://doi.org/10.1306/M60585C5
Peters, K.E. & Moldowan, J.M. 1993, The Biomarker Guide Interpreting Molecular Fossils in Petroleum and Ancient Sediments, Prentice Hall, New Jersey. ISBN 0-13-086752-7
Pereira, A.L. 2007, ‘Isótopos estáveis em estudos ecológicos: métodos, aplicações e perspectivas’, Rev. Biociências, vol. 13, no. 1-2, pp. 16-27.
Portela, H. A. 2012, ‘Caracterização da matéria orgânica potencialmente geradora de petróleo e seu posicionamento bioestratigráfico, com base em Palinologia e Palinofácies da Formação Pojuca- Bacia do Recôncavo’, Tese Doutorado, Universidade Estatual do Rio de Janeiro.
Portela, H. A., Antonioli, L. Oliveira, R. M. A. G., Amaral, P. F. & Dino, R. 2016, ‘Análise de palinofácies na avaliação do potencial gerador da Formação Pojuca, bacia do recôncavo’, Revista Brasileira de Paleontologia, vol. 19, no. 2, pp. 271–82. http://dx.doi.org/10.4072/rbp.2016.2.10
Rodrigues, G. B. & Fauth, G. 2013, ‘Isótopos estáveis de carbono e oxigênio em ostracodes do Cretáceo: metodologias, aplicações e desafios’, Terra e didatica vol. 9, pp. 34-49. https://doi.org/10.20396/td.v9i1.8637408
Routh, J., Mcdonald, T. J. & Grossman, E. L. 1999, ‘Sedimentary organic matter sources and depositional environment in the Yegua formation (Brazos County, Texas)’, Organic Geochemistry, vol. 30, no. 11, pp. 1437-53. https://doi.org/10.1016/S0146-6380(99)00118-7
Santos, C. F. 2005, ‘Estratigrafia de Seqüências da fase final de preenchimento de um rifte intracontinental: um modelo com base no Barremiano Inferior da Bacia do Recôncavo’ Boletim de Geociências da Petrobras, vol. 13, no. 2, pp. 205–26.
Silva, O.B., Caixeta, J.M. & Milhomem, P.S. 2007, ‘Bacia do Recôncavo’, Boletim de Geociências da Petrobras, vol. 15, no. 2, pp. 42331.
Tissot, B., Durand, B., Espitalie, J. & Combaz, A. 1974, ‘Influence of the nature and diagenesis of organic matter in the formation of petroleum’, AAPG Bulletin, vol. 58, pp. 499 –506.
https://doi.org/10.1306/83D90CEB-16C7-11D7-8645000102C1865D
Tissot, B.P. & Welte, D.H. 1978, Petroleum Formation and Occurrence: A New Approach to Oil and Gas Exploration, Springer-Verlag, New York. ISBN 3 540 08698 6
Tissot, B. P., & Welte, D. H. 1984, Petroleum formation and occurrence, Springer-Verlag, New York. ISBN 978-3-642-87815-2
Zambrano, E.R.N., Oliveira, O.M.C. & Ribeiro, H.J.P.S. 2017, ‘Caracterização geoquímica com indícios paleoambientais de folhelhos da Formação Pimenteiras, estado do Tocantins, Bacia do Parnaíba, Brasil’, Geologia USP - Série Científica, vol. 17, no. 3, pp. 67-78. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v17-395
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Anuário do Instituto de Geociências
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos publicados nesta revista se encontram sob a llicença Creative Commons — Atribuição 4.0 Internacional — CC BY 4.0, que permite o uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, contanto que o trabalho original seja devidamente citado.