O testamento amoroso medieval e a querela da “Bela dama sem misericórdia”

Autor/innen

Abstract

Este artigo trata da imitação da forma testamentária pela poesia medieval, em particular pela lírica amorosa na França. Surgida em vernáculo no fim do século XIII como um desenvolvimento dos sermões em verso chamados de Vers de la Mort, a forma do testamento poético foi adaptada, em meados do século XV, à lírica cortês pelos poemas pertencentes à querela literária da Belle Dame sans Mercy, de Alain Chartier. Durante todo aquele período, esses dois modelos foram parodiados por diferentes gêneros cômicos como, por exemplo, bestiários burlescos, farsas e sátiras. Os dois poemas longos em forma de testamento atribuídos ao poeta francês medieval François Villon são uma paródia da inteira estrutura e das personagens do testamento amoroso da época. Pretende-se mostrar que o Lais e o Testament de Villon assumem uma posição clara naquela querela do lado dos detratores da bela dama sem misericórdia com vistas a criticar as inconstâncias do amor.

Autor/innen-Biografie

Daniel Padilha Pacheco da Costa, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG

Professor do curso de Tradução e do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutor pelo Departamento de Letras Modernas da USP (Programa de Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês), com um estágio doutoral de um ano na Université Paris-Sorbonne (Paris IV). Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo e em Letras Francesas pela Université Sorbonne Nouvelle (Paris III), com proficiência em Língua Francesa. Integrante de grupos de pesquisa sobre tradução e antiguidade clássica. Tradutor profissional do francês, com ênfase em Filosofia Francesa Contemporânea.

Literaturhinweise

ALEXANDRE DE PARIS. Le Roman d’Alexandre. Paris: Librairie Générale Française, 1994.

CERQUIGLINI-TOULET, J. L’écriture testamentaire à la fin du Moyen Âge: identité, dispersion, trace. Oxford: Legenda, 1999.

CHAMPION, P. François Villon, sa vie et son temps. Paris: Champion, 1913. t.1.

CHARTIER, A. La Belle Dame sans Mercy et les poésies lyriques. Edité par Arthur Piaget. Genebra: Droz, 1949.

CHARTIER, A.; HERENC, B.; CAULIER, A. Le Cycle de La Belle Dame sans Mercy: une anthologie poétique du XVe siècle. Trad. David F. Hult et Joan E. McRae. Paris: Champion, 2003.

DRAGONNETTI, R. Le contredit de François Villon. Modern Language Notes, Baltimore, v. 98, n. 4, p. 594-623, 1983. Disponível em: https://doi. org/10.2307/2905896

DRAGONNETTI, R. La soif de François Villon. In: DERENS, J. DUFOURNET J., FREEMAN M. Villon: hier et aujourd’hui. Paris: La Bibliothèque de la Ville de Paris, 1993, p. 123-136.

D’ORLÉANS, C. Ballades et Rondeaux. Paris: Librairie Générale Française, 1992.

GALLARATI, S. B. Nota bibliografica sulla tradizione manoscritta del Testament di Jean de Meun. Revue Romane, Amsterdam, v. 13, n. 1, p. 2-35, 1978.

GUILLAUME DE LORRIS; JEAN DE MEUN. Le Roman de la Rose. Paris: Librairie Générale Française, 1992.

HAUTEVILLE, P. La confession et testament de l’amant trespassé de deuil. Edité par Rose M. Bidler, Otawa, Ceres, 1982.

HAUTEVILLE, P. La Complainte de l’amant trespassé de dueil. L’Inventaire des biens demourez du décès de l’amant trespassé de dueil. Edité par Rose M. Bidler. Montréal: CERES, 1986.

JEAN DE MEUN. Testamento e Codicillo: etica, cultura, politica nella Parigi medievale. Editione de S. Buzzetti Gallarati. Fiesole, 1996.

RUTEBEUF. Testament de l’Asne. In: RUTEBEUF. Œuvres complètes de Rutebeuf. Publié par Edmond Faral et Julia Bastin. Paris: Picard, 1977, p. 104-113.

PIAGET, A. La belle dame sans merci et ses imitations. Romania, Paris, t. 33, n. 130, p. 179-208, 1904.

SPINA, S. Lírica trovadoresca. São Paulo: Edusp, 1991.

RYCHNER, J. Du Saint-Alexis à François Villon: études de littérature médiévale. Genève: Droz, 1985.

VAN ZOEST, A. J. A. Structures de deux Testaments fictionnels – Le Lais et le Testament de François Villon. Paris-La Hague: Mouton, 1974.

VILLON, F. Œuvres. Edité par Louis Thuasne, Paris, A. Picard, 1923. t. II.

VILLON, F. Le Testament Villon. Edité par Jean Rychner et Albert Henry. Genebra: Droz, 1974. t. I.

VILLON, F. Testamento. Tradução de Afonso Felix de Sousa. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987.

VILLON, F. Poesia. Tradução de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Edusp, 2000.

VILLON, F. Opere. Traduzione di Emma Stojkovic Mazzariol e Attilio Carminati. Milano: Mondadori, 2000.

ZUMTHOR, P. Le je de la chanson et le moi du poète. In: ZUMTHOR, P. Langue, texte, énigme. Paris: Le Seuil, 1975, p. 181-196.

Veröffentlicht

2019-07-26

Ausgabe

Rubrik

Artigos