O testamento amoroso medieval e a querela da “Bela dama sem misericórdia”
Abstract
Este artigo trata da imitação da forma testamentária pela poesia medieval, em particular pela lírica amorosa na França. Surgida em vernáculo no fim do século XIII como um desenvolvimento dos sermões em verso chamados de Vers de la Mort, a forma do testamento poético foi adaptada, em meados do século XV, à lírica cortês pelos poemas pertencentes à querela literária da Belle Dame sans Mercy, de Alain Chartier. Durante todo aquele período, esses dois modelos foram parodiados por diferentes gêneros cômicos como, por exemplo, bestiários burlescos, farsas e sátiras. Os dois poemas longos em forma de testamento atribuídos ao poeta francês medieval François Villon são uma paródia da inteira estrutura e das personagens do testamento amoroso da época. Pretende-se mostrar que o Lais e o Testament de Villon assumem uma posição clara naquela querela do lado dos detratores da bela dama sem misericórdia com vistas a criticar as inconstâncias do amor.
Riferimenti bibliografici
ALEXANDRE DE PARIS. Le Roman d’Alexandre. Paris: Librairie Générale Française, 1994.
CERQUIGLINI-TOULET, J. L’écriture testamentaire à la fin du Moyen Âge: identité, dispersion, trace. Oxford: Legenda, 1999.
CHAMPION, P. François Villon, sa vie et son temps. Paris: Champion, 1913. t.1.
CHARTIER, A. La Belle Dame sans Mercy et les poésies lyriques. Edité par Arthur Piaget. Genebra: Droz, 1949.
CHARTIER, A.; HERENC, B.; CAULIER, A. Le Cycle de La Belle Dame sans Mercy: une anthologie poétique du XVe siècle. Trad. David F. Hult et Joan E. McRae. Paris: Champion, 2003.
DRAGONNETTI, R. Le contredit de François Villon. Modern Language Notes, Baltimore, v. 98, n. 4, p. 594-623, 1983. Disponível em: https://doi. org/10.2307/2905896
DRAGONNETTI, R. La soif de François Villon. In: DERENS, J. DUFOURNET J., FREEMAN M. Villon: hier et aujourd’hui. Paris: La Bibliothèque de la Ville de Paris, 1993, p. 123-136.
D’ORLÉANS, C. Ballades et Rondeaux. Paris: Librairie Générale Française, 1992.
GALLARATI, S. B. Nota bibliografica sulla tradizione manoscritta del Testament di Jean de Meun. Revue Romane, Amsterdam, v. 13, n. 1, p. 2-35, 1978.
GUILLAUME DE LORRIS; JEAN DE MEUN. Le Roman de la Rose. Paris: Librairie Générale Française, 1992.
HAUTEVILLE, P. La confession et testament de l’amant trespassé de deuil. Edité par Rose M. Bidler, Otawa, Ceres, 1982.
HAUTEVILLE, P. La Complainte de l’amant trespassé de dueil. L’Inventaire des biens demourez du décès de l’amant trespassé de dueil. Edité par Rose M. Bidler. Montréal: CERES, 1986.
JEAN DE MEUN. Testamento e Codicillo: etica, cultura, politica nella Parigi medievale. Editione de S. Buzzetti Gallarati. Fiesole, 1996.
RUTEBEUF. Testament de l’Asne. In: RUTEBEUF. Œuvres complètes de Rutebeuf. Publié par Edmond Faral et Julia Bastin. Paris: Picard, 1977, p. 104-113.
PIAGET, A. La belle dame sans merci et ses imitations. Romania, Paris, t. 33, n. 130, p. 179-208, 1904.
SPINA, S. Lírica trovadoresca. São Paulo: Edusp, 1991.
RYCHNER, J. Du Saint-Alexis à François Villon: études de littérature médiévale. Genève: Droz, 1985.
VAN ZOEST, A. J. A. Structures de deux Testaments fictionnels – Le Lais et le Testament de François Villon. Paris-La Hague: Mouton, 1974.
VILLON, F. Œuvres. Edité par Louis Thuasne, Paris, A. Picard, 1923. t. II.
VILLON, F. Le Testament Villon. Edité par Jean Rychner et Albert Henry. Genebra: Droz, 1974. t. I.
VILLON, F. Testamento. Tradução de Afonso Felix de Sousa. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987.
VILLON, F. Poesia. Tradução de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Edusp, 2000.
VILLON, F. Opere. Traduzione di Emma Stojkovic Mazzariol e Attilio Carminati. Milano: Mondadori, 2000.
ZUMTHOR, P. Le je de la chanson et le moi du poète. In: ZUMTHOR, P. Langue, texte, énigme. Paris: Le Seuil, 1975, p. 181-196.
##submission.downloads##
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
O/A/S AUTOR/A/S confirma/m sua participação em todas as etapas de elaboração do trabalho: 1) Concepção, projeto, pesquisa bibliográfica, análise e interpretação dos dados; 2) Redação e revisão do manuscrito; 3) Aprovação da versão final do manuscrito para publicação; 4) Responsabilidade por todos os aspectos do trabalho e garantia pela exatidão e integridade de qualquer parte da obra. O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus, por parte de todos os autores, dos direitos de publicação para a revista Alea, a qual é filiada ao sistema CreativeCommons, atribuição CC-BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/). Os autores são integralmente responsáveis pelo conteúdo do artigo e continuam a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Alea não se compromete a devolver as contribuições recebidas. Autores de artigos, resenhas ou traduções receberão um exemplar da revista.