Luiz Gama: a irreverência da Lira e da Marimba de um Orfeu da Carapinha no Segundo Reinado

Autores

  • Paulo Roberto Alves dos Santos UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2019.v21n1a22632

Palavras-chave:

literatura-afro-brasileira, história da literatura, literatura e história, crítica literária.

Resumo

Luiz Gonzaga Pinto da Gama, ou simplesmente, Luiz Gama (1830-1882), teve uma vida marcada pelos padecimentos que recaíram sobre os negros brasileiros ao longo de três séculos, com o agravante de ter nascido livre e, por volta dos dez anos de idade, ser vendido como escravo pelo próprio pai. O ato paterno foi revertido graças à capacidade de irresignação que o fez não só recuperar a liberdade, mas trabalhar para que centenas de outros negros a conquistassem. As ações que empreendeu no campo jurídico tive­ram correspondência no âmbito da literatura por meio da publicação das Primeiras trovas burlescas de Getulino (1859), nas quais reúne poemas que esquadrinham o escravagismo do século XIX, recorrendo a uma irreverência corrosiva para mostrar as mazelas da elite do café. Depois de longo e imerecido esquecimento, Gama tornou-se objeto de interesse de pesquisadores que vêm demonstrando o valor de sua obra, cujas qualidades se evidenciam nas análises que tratam das vinculações de sua produção com a literatura afro-brasileira, por exemplo. Concomitantemente, trata-se de uma obra de relevância para o estudo da sátira em nossa literatura, uma modalidade de expressão normalmente negligenciada, embora tenha sido recorrente no período em que o poeta viveu. A partir dessa constatação, o presente trabalho tem como objetivo contextualizar a poesia satírica de Luiz Gama, considerando a maneira irreverente pela qual questiona a realidade em que vivia. Para tanto, serão empregados princípios da teoria literária em confronto com estudos dos campos da historiografia e da sociologia.

Biografia do Autor

Paulo Roberto Alves dos Santos, UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz

Possui graduação em Letras pela Faculdade Porto Alegrense de Educação Ciências e Letras (1987), mestrado em Lingüística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1996) e doutorado em Lingüística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2005). Atualmente, é bolsista PNPD/CAPES da Universidade Estadual de Santa Cruz, onde desenvolve pesquisa sobre a cultura de origem africana e suas relações com a literatura e a música brasileiras, em particular o samba. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando principalmente nos seguintes temas: história da literatura, literatura brasileira, crítica literária, literatura e história, literatura afro-brasileira, literatura e cultura, literatura e música. É membro do Grupo de Pesquisa Literatura, História e Cultura: Encruzilhadas Epistemológicas, CNPq/UESC.

Referências

CARVALHO, Marcus J. M. de. Cidades escravistas. In: SCWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, (Org.). Dicionário da escravidão e liberdade. 50 textos críticos. 1ª. ed. São Paulo, 2018. p. 156-168.

Embaixada de Portugal. “Gabriela Amadeu (Brasil) vence 7ª edição do Prêmio de Dramaturgia António José da Silva”. Disponível em: http://www.embaixadadeportugal.org.br/noticias/noticia.php?cod_noticia=373 Acesso em: 01/12/2013.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. Colaboração de Sérgio Fausto. 3. ed. atualizada e ampliada. São Paulo: Edusp, 2015.

FERREIRA, Lígia Fonseca. “Luiz Gama por Luiz Gama: carta a Lúcio de Mendonça”. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/28-critica-de-autores-masculinos/653-luiz-gama-por-luiz-gama-carta-a-lucio-de-mendonca-ligia-fonseca-ferreira Acesso em: 04/12/2018

Folha de São Paulo. “Jeferson De roda filme sobre Luiz Gama, ex-escravo que libertou 500 pessoas”. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/11/jeferson-de-roda-filme-sobre-luiz-gama-ex-escravo-que-libertou-500-pessoas.shtml Acesso em: 04/12/2018.

GAMA, Luiz. Carta a Lúcio de Mendonça. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/11-textos-dos-autores/651-luiz-gama-sao-paulo-25-de-julho-de-1880 Acesso em: 08/12/2018.

Geledés: “Estreia do Espetáculo ‘Luiz Gama – Uma Voz pela liberdade’ no Rio de Janeiro”. Disponível em: https://www.geledes.org.br/estreia-do-espetaculo-luiz-gama-uma-voz-pela-liberdade-no-rio-de-janeiro/ Acesso em: 30/11/2018

HERNÁNDEZ, G. E. La satira chicana. México: Siglo Ventiuno, 1993.

Instituto dos Advogados do Brasil. Medalha Luiz Gama”. Disponível em: https://www.iabnacional.org.br/institucional/medalha-luiz-gama Acesso em: 01/12/2018

MARTINS, Heitor. “Luiz Gama e a consciência negra na literatura brasileira”. Salvador: Revista Afro-Ásia – Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, nº 17, 1996.

Ministério da Cultura. “Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia Antônio José da Silva – Nota de esclarecimento”. Disponível em: http://www.cultura.gov.br/noticias-destaques/-/asset_publisher/OiKX3xlR9iTn/content/premio-luso-brasileiro-de-dramaturgia-antonio-jose-da-silva/10883 Acesso em: 01/12/2018

PEREIRA, Lúcia Miguel. Machado de Assis: estudo crítico e biográfico. Brasília. Senado Federal, 2017.

SCWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos. Introdução. In: ______ (Org.). Dicionário da escravidão e liberdade. 50 textos críticos. 1ª. ed. São Paulo, 2018.

_____ . As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. 2. ed. 17ª. Reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Senado Notícias. “Leis sancionadas homenageiam abolicionista Luís Gama”. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/01/17/leis-sancionadas-homenageiam-abolicionista-luis-gama Aceso em: 04/12/2018.

SOETHE, P. A. “Sobre a sátira: contribuições da teoria literária alemã na década de 60”. Fragmentos: Revista de língua e literatura estrangeira. (Universidade Federal de Santa Catarina) v. 7, n.2, 1998.

Downloads

Publicado

2019-08-19