Plasticidade discursivo-textual: mecanismos de reanálise

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2020.v22n2a36014

Palavras-chave:

Reanálise, Plasticidade textual e discursiva, Semântica Cognitiva, Gramaticalização, (Inter)subjectificação.

Resumo

Cada ‘classe de palavras’ está prevalentemente associada a determinadas funções e processos de constituição do enunciado: os nomes à referenciação, os adjetivos à predicação. A cada nome ou a cada adjetivo estão associados representações semânticas e conceptuais mais prototípicas, mas em texto ou em situação discursiva tais representações podem sofrer alterações substanciais, que os colocam até nos antípodas da sua polaridade matricial. Será aqui explorada a capacidade de alguns nomes e adjetivos assumirem novos valores discursivos e pragmático-funcionais, em vista ao conhecimento das suas condições e dos seus efeitos de uso, uma vez amplamente documentado que os critérios semanticamente não multifactoriais e não ancorados no uso não são suficientes para descrever e explicar a plasticidade discursivo-textual e pragmático-funcional de algumas palavras, no seu uso concreto em situação de interação. No decurso deste estudo observam-se alguns mecanismos de reanálise funcional — gramaticalização, dessemanticização, discursivificação, (inter)subjectificação, expressivização — que os itens lexicais sofrem em situação de uso.

Biografia do Autor

Graça Rio-Torto, DLLC, CELGA-ILTEC Faculdade de Letras Universidade de Coimbra Portugal

Professora Catedrática de Linguística da Universidade de Coimbra. Autora de numerosas publicações na área da Linguística. Atua na graduação e na pós-duração. Diretora do Doutoramento em Linguística do Português: https://apps.uc.pt/courses/pt/course/7361

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Publicado

2020-12-23

Edição

Seção

Dossiê de Língua/Language Dossier