JOÃO NINGUÉM E SEUS NINGUÉNS: UM ALGUÉM EM MEIO À CATÁSTROFE
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n1a39104Palavras-chave:
João da Silva Correia, Unhas Negras, MundividênciaResumo
O presente estudo tem o objetivo de apresentar alguns aspectos presentes no romance Unhas negras, do escritor português João da Silva Correia, traçando um paralelo com a mundividência do autor. João da Silva Correia, que assinava seus textos lidos na rádio BBC de Londres durante a Segunda Guerra Mundial com o pseudônimo de “João Ninguém”, trocou cartas com amigos e escritores de sua época, como é o caso de Ferreira de Castro, e se manteve, ainda que doente, como crítico ao Estado Novo de Salazar e a outros regimes autoritários que assolavam o mundo. Como aporte metodológico, foi utilizada pesquisa bibliográfica e de arquivos da Biblioteca Nacional de Portugal e do município de São João da Madeira, cidade natal do escritor e onde se passa a narrativa de Unhas negras. Como resultado, a leitura da obra do autor estudado também pode iluminar o tempo presente, como é possível perceber nas reflexões de Susan-Buck Mors e Alain Badiou. Além disso, a mundividência de João da Silva Correia, enquanto memorial escritor, guarda espaço subjetivo de pertença dentro da obra. Seu ponto de vista particular não se apresenta despegado do residual de experiência e observação ocular do jovem autor na época dos fatos narrados em seu romance.
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