JOÃO NINGUÉM E SEUS NINGUÉNS: UM ALGUÉM EM MEIO À CATÁSTROFE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n1a39104

Palavras-chave:

João da Silva Correia, Unhas Negras, Mundividência

Resumo

O presente estudo tem o objetivo de apresentar alguns aspectos presentes no romance Unhas negras, do escritor português João da Silva Correia, traçando um paralelo com a mundividência do autor. João da Silva Correia, que assinava seus textos lidos na rádio BBC de Londres durante a Segunda Guerra Mundial com o pseudônimo de “João Ninguém”, trocou cartas com amigos e escritores de sua época, como é o caso de Ferreira de Castro, e se manteve, ainda que doente, como crítico ao Estado Novo de Salazar e a outros regimes autoritários que assolavam o mundo. Como aporte metodológico, foi utilizada pesquisa bibliográfica e de arquivos da Biblioteca Nacional de Portugal e do município de São João da Madeira, cidade natal do escritor e onde se passa a narrativa de Unhas negras. Como resultado, a leitura da obra do autor estudado também pode iluminar o tempo presente, como é possível perceber nas reflexões de Susan-Buck Mors e Alain Badiou. Além disso, a mundividência de João da Silva Correia, enquanto memorial escritor, guarda espaço subjetivo de pertença dentro da obra. Seu ponto de vista particular não se apresenta despegado do residual de experiência e observação ocular do jovem autor na época dos fatos narrados em seu romance.

Biografia do Autor

Rafael Reginato Moura, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutorando em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Literatura pela mesma universidade (2019). Possui graduação em Letras - Português pela Universidade Federal de Santa Catarina (2016) e graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda - pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1999). Publicou o romance Entreilha pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina. É também contista e poeta premiado em concursos literários. Realiza pesquisa sobre o movimento neorrealista.

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Publicado

2021-06-30

Edição

Seção

Dossiê de Literatura/Literature Dossier