“NA TERRA TANTA GUERRA, TANTO ENGANO”: ENCONTROS, AVORRECIMENTOS E GOZOS N’OS LUSÍADAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40833

Palavras-chave:

Os Lusíadas, encontro, guerra, fé, colonização

Resumo

Os Lusíadas é poema cheio de encontros entre gente de distintas crenças. Um deles, justo o primeiro, que ocorre em Moçambique, opõe cristãos muito bem armados a mouros frágeis militarmente. O Canto I, a partir desse episódio, ganha aspectos de grande ambiguidade, até ser finalizado com uma estrofe que apenas lamenta a guerra e uma condição humana fundada no abandono. A estância 106 do Canto I, que apresenta mesmo um problema de fixação textual, problematiza agudamente qualquer ideia de guerra justa ou santa, e chega, inclusive, a polemizar a relação do ser humano com o que chama de “Céu sereno”, ou seja, a fé e Deus. Este ensaio procurará entender algumas dimensões que o primeiro encontro do poema dá a ver, pondo-o também em perspectiva com dois outros que têm lugar n’Os Lusíadas – o do Gama com o rei de Melinde, no Canto II, e o que reúne o capitão ao samorim de Calecute, no VIII.

Biografia do Autor

Luis Maffei, Universidade Federal Fluminense

Professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal Fluminense

Referências

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Publicado

2021-09-20

Edição

Seção

Dossiê de Literatura/Literature Dossier