OS RELATOS DE NAUFRÁGIO E A RETÓRICA DA PRUDÊNCIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40916

Resumo

Este artigo investiga a maneira como os relatos de naufrágio coletados por Bernardo Gomes de Brito na História Trágico-Marítima se amparam em uma “retórica prudencial”. Para analisá-los historicamente, é preciso levar em conta seu caráter pedagógico e sua afinidade com a noção ciceroniana de historia magistra vitae. Logo, os narradores buscavam deleitar, mas também instruir seus leitores quanto aos perigos implicados em uma travessia marítima.

Biografia do Autor

Cleber Vinicius do Amaral Felipe, Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pós-doutor pelo Programa de Pós-graduação em Teoria e História Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Professor do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Autor do livro Heroísmo na singradura dos mares: histórias de naufrágios e epopeias nas conquistas ultramarinas portuguesas. São Paulo: Paco, 2018.

Referências

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução do grego de António de Castro Caeiro. São Paulo: Atlas, 2009.

AUBENQUE, P. A prudência em Aristóteles. Tradução de Marisa Lopes. São Paulo: Discurso Editorial, Paulus, 2008.

BLUTEAU, R. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1728.

BRITO, B. G. História Trágico-Marítima. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1998.

BRITO, B. G. História Trágico-Marítima. Em que fe efcrevem chronologicamente os Naufragios que tiveraõ as Naos de Portugal, depois que fe poz em exercicio a Navegaçaõ da India. Tomo primeiro. Lisboa Ocidental: Officina da Congregação do Oratório, 1735.

BRITO, B. G. História Trágico-Marítima. Em que fe efcrevem chronologicamente os Naufragios que tiveraõ as Naos de Portugal, depois que fe poz em exercicio a Navegaçaõ da India. Tomo segundo. Lisboa Ocidental: Officina da Congregação do Oratório, 1736.

CÍCERO, M. T. Da República. Tradução e notas de Amador Cisneiros. Livro primeiro, XVI. In: Os pensadores. 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

COLEÇÃO DOS DOCUMENTOS, ESTATUTOS E MEMÓRIAS DA ACADEMIA REAL DA HISTÓRIA PORTUGUESA. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 3, p. 216-235, 2009.

DOSSE, F. A história. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora Unesp, 2012.

FARIA, M. S. Notícias de Portugal. Lisboa: Officina Craesbeeckiana, 1655.

GRACIÁN, B. A Arte da Prudência. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 1998.

HANSEN, J. A. A máquina do mundo. In: NOVAES, Adauto (org.). Poetas que pensaram o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

HANSEN, J. A. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII, São Paulo: Ateliê Editorial, Campinas: Editora da Unicamp, 2004.

HANSEN, J. A. Barroco, Neobarroco e Outras Ruínas. Floema Especial (UESB), ano II, n. 2, 2006.

HARTOG, F. A história de Homero a Santo Agostinho. Tradução de Jacyntho Lins Brandão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

JASMIN, M. G. Alexis de Tocqueville: a historiografia como ciência da política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.

KOYRÉ, A. Aristotelismo e Platonismo na Filosofia da Idade Média. Estudos de História do Pensamento Científico, Rio de Janeiro: Forense Universitária, p. 22-45, 1991.

LANCIANI, G. Os relatos de naufrágios na literatura portuguesa dos séculos XVI e XVII. Portugal: Instituto de Cultura Portuguesa, 1979.

MACHADO, D. B. Bibliotheca Lusitana, Historica, Critica, e Cronologica. Tomo I. Lisboa: Oficina de Antonio Isidoro da Fonseca, 1741.

MAQUIAVEL, N. O príncipe: comentários de Napoleão Bonaparte. São Paulo: Hemus, 1996.

MICELI, P. O ponto onde estamos: viagens e viajantes na história da expansão e da conquista (Portugal, século XV e XVI). 4ª ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2008.

MONIZ, A. M. A. A História Trágico-Marítima: Identidade e Condição Humana. Lisboa: Edições Colibri, 2001.

PERES, D. (org.). Viagens e naufrágios célebres dos séculos XVI, XVII e XVIII, vol. 1. Porto: Tipografia e Encadernação Alberto de Oliveira, 1937.

PIRES, F.M.. Tucídides e Maquiavel: diálogos sobre a (in)utilidade e a (des)valia da história. In: SEIXAS, J.; CERASOLI, J.; NAXARA, M. (orgs.). Tramas do político: linguagens, formas, jogos. Uberlândia: EDUFU, 2012.

POLÍBIO. História. Seleção, tradução, introdução e notas de Mário da Gama Kury. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996.

SEBASTIANI, B.B. A política como objeto de estudo: Tito Lívio e o pensamento historiográfico romano do século I a. C. In.: JOLY, F.D. História e retórica: ensaios sobre historiografia antiga. São Paulo: Alameda, 2007.

SENELLART, M. As artes de governar: do regimen medieval ao conceito de governo. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 2006.

SILVA, M. T. História da Academia Real da História Portugueza. Lisboa: Officina de Joseph Antonio Sylva, 1727.

SINKEVISQUE, E. Usos da ecfrase no gênero histórico seiscentista. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 12, p. 45-62, 2013.

TEIXEIRA, F. C. Uma construção de fatos e palavras: Cícero e a concepção retórica de história. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 24, n. 40, 2008.

TEIXEIRA, F. C. O melhor governo possível: Francesco Guicciardini e o método prudencial de análise da política. Dados, Rio de Janeiro, v. 50, n. 2, p. 325-349, 2007.

TEIXEIRA, F.C. Timoneiros: retórica, prudência e história em Maquiavel e Guicciardini. Tese de doutoramento. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008.

TOMÁS DE AQUINO, Santo. A prudência: a virtude da decisão certa. Tradução, introdução e notas de Jean Lauand. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

VIRGÍLIO. Eneida de Virgílio. Tradução de José Victorino Barreto Feio e José Maria da Costa e Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Downloads

Publicado

2021-09-20

Edição

Seção

Dossiê de Literatura/Literature Dossier