OS RELATOS DE NAUFRÁGIO E A RETÓRICA DA PRUDÊNCIA

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DOI :

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40916

Résumé

Este artigo investiga a maneira como os relatos de naufrágio coletados por Bernardo Gomes de Brito na História Trágico-Marítima se amparam em uma “retórica prudencial”. Para analisá-los historicamente, é preciso levar em conta seu caráter pedagógico e sua afinidade com a noção ciceroniana de historia magistra vitae. Logo, os narradores buscavam deleitar, mas também instruir seus leitores quanto aos perigos implicados em uma travessia marítima.

Biographie de l'auteur

Cleber Vinicius do Amaral Felipe, Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pós-doutor pelo Programa de Pós-graduação em Teoria e História Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Professor do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Autor do livro Heroísmo na singradura dos mares: histórias de naufrágios e epopeias nas conquistas ultramarinas portuguesas. São Paulo: Paco, 2018.

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Publiée

2021-09-20

Numéro

Rubrique

Dossiê de Literatura/Literature Dossier