A interpretação encena: ler quem lê

Autores

  • Adriana Armony UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Patrick Gert Bange UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2016.v18n1a4730

Resumo

RESUmO: Este trabalho se propõe investigar, a partir da análise das respostas a uma questão de prova aplicada numa turma de 2ª série do Ensino Médio, as operações subjetivas envolvidas na leitura e interpretação de texto, de inferências e suposições até a criação de cenas e enredos. Na questão proposta, sobre a canção “Mil perdões”, de Chico Buarque, os alunos foram convidados a refletir a respeito de um discurso sobre traição e a levantar hipóteses acerca do ato de perdoar tematizado na canção. Organizadas em quatro recorrentes “cenas de linguagem”, conforme propõe Barthes em Fragmentos de um discurso amoroso, as respostas revelam como os alunos adentram o discurso amoroso por vias que reconhecem, remontando determinadas figuras, mais ou menos de acordo com a lei do texto. Trata-se aqui não só de indicar as formas como os alunos preenchem as lacunas de um texto, mas, a partir do lugar de professor, de lê-los em sua errância interpretativa. Por fim, procura-se esboçar uma teoria da leitura em que se destacam as figuras da traição e do ciúme e, ao mesmo tempo, propor uma ética da traição inevitável em todo gesto interpretativo.


PALAVRAS-CHAVE: Leitura subjetiva, Formação do leitor, Práticas de leitura, Ensino de literatura, Ciúme.

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Publicado

2016-06-27

Edição

Seção

Artigos