Lis no peito e a formação do leitor literário: na ficção e fora dela
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2016.v18n1a4742Resumo
RESUmO : Lis no peito: um livro que pede perdão (2005), narrativa juvenil de autoria de Jorge Miguel Marinho, ficcionaliza, a partir das descobertas amorosas e literárias do protagonista adolescente, o processo de formação do leitor literário -- que, ao contrário do que apregoam as campanhas bem intencionadas destinadas aos jovens, pode ser bem doloroso e perturbador. Diante da quebra de expectativas proporcionada pela leitura de Clarice Lispector, e da necessidade, a partir de então, de reavaliar seu lugar no mundo, o personagem encena o papel determinante que a projeção da subjetividade desempenha na construção da relação entre leitor e literatura. Apoiando-nos, pois, em Michèle Petit (2013) e Annie Rouxel (2012; 2013), ambas estudiosas, em diferentes áreas do conhecimento, da ação do sujeito leitor na construção de sentidos do texto literário, investigaremos, por um lado, de que maneira se dá, na tessitura narrativa, a ficcionalização desse processo de formação do leitor; por outro lado, considerando que o protagonista é ele próprio uma projeção textual do autor empírico -- o que fica claro quando cruzamos a ficção com dados extraliterários --, verificaremos em que medida a subjetividade leitora se torna ela mesma matéria-prima para a criação literária. Por fim, colocando Lis no peito ao risco da leitura de jovens leitores empíricos, tentaremos avaliar a medida da distância (ou da identidade) entre os leitores virtuais, inscritos nas páginas do texto, e os leitores de carne e osso, que se apropriam singular e subjetivamente do que leem no concreto das práticas.
PALAVRAS-CHAVE: Narrativa juvenil contemporânea, Formação do leitor literário, Sujeito leitor.
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