AUTOEXPRESSÃO E RESISTÊNCIA EM “CORAÇÃO NA ALDEIA, PÉS NO MUNDO”, DE AURITHA TABAJARA
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2022.v24n1a48260Palavras-chave:
Literatura, cordel, indígena, escrita.Resumo
O presente trabalho surge a partir da leitura da obra intitulada Coração na aldeia, pés no mundo, de Auritha Tabajara, publicada em 2018 (UK’A Editorial), e de minhas pesquisas realizadas com literatura de cordel. Tem como objetivo discutir a escrita indígena de autoria feminina como forma de resistência. Tal discussão será feita a partir de uma revisão bibliográfica de textos publicados sobre o assunto. O artigo tem como suporte teórico alguns autores que discutem a produção literária indígena: Cláudia Neiva de Matos, Graça Graúna, Rita Olivieri-Godet, Maria Inês de Almeida, Sônia Queiroz, entre outros. Esta análise conclui que a escritora assim como os demais indígenas tiveram sua história silenciada, com o tratamento dado pelo Brasil aos índios sobreviventes do genocídio praticado por diversos atores ao longo dos anos. Para quebrar esse silenciamento, Auritha Tabajara vê na escrita literária uma forma de resistência contra tudo isso e uma autoexpressão de seus valores e vivências. Com relação à escrita de autoria feminina, esta é uma forma de unir forças e falar por todas as mulheres indígenas, por meio de vozes que ecoam em busca de mais respeito e preservação de seus direitos.
The present work arises from the reading of the work entitled Coração na aldeia, pés no mundo, by Auritha Tabajara, published in 2018 (UK’A Editorial), and from my researches carried out with cordel literature. Its objective is to discuss the Indigenous writing of female authorship as a form of resistance. Such discussion will be based on a bibliographic review of published texts on the subject. The article has as theoretical support some authors who discuss the indigenous literary production: Cláudia Neiva de Matos, Graça Graúna, Rita Olivieri-Godet, Maria Inês de Almeida, Sônia Queiroz, among others. This analysis concludes that the writer, as well as other Indigenous peoples, had their history silenced, with the treatment given by Brazil to the Indigenous survivors of the genocide practiced by various actors throughout the years. To break this silence, Auritha Tabajara sees in literary writing a form of resistance against all this, and also a self-expression of her values and experiences. Regarding female authorship, it is a way to join forces and speak for all Indigenous women, through voices that echo in search of more respect and preservation of their rights.
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