Morfologia Cognitiva, uma abordagem construcionista: fundamentos teórico-epistemológicos e análise da construção [X-cefalia] no português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2024.v26n1a63457Resumo
Este artigo tem como principal objetivo apresentar os fundamentos teóricos e metodológicos da Morfologia Cognitiva, modelo proposto por Hamawand (2011) e ainda pouco conhecido no território brasileiro. Essa formulação se alinha com a Gramática Cognitiva, de Langacker (1987), e com a Linguística Cognitiva, de uma maneira geral. Assim, a Morfologia Cognitiva é um modelo construcionista que defende a morfologia como semanticamente motivada, entendendo que as construções morfológicas materializam simbolicamente operações cognitivas, como a conceptualização, a categorização e a configuração. Além disso, nessa proposta, por conta da assunção de pressupostos da Linguística de Corpus, há um compromisso explícito com o tratamento do uso. Por isso, a Morfologia Cognitiva deve ser compreendida como um modelo linguístico baseado no uso. No corpo do texto, os fundamentos da Morfologia Cognitiva são discutidos em três seções (“Pressupostos Cognitivos”; “Mecanismos Cognitivos” e “Operações Cognitivas”). Apresenta-se, também, uma aplicação ao português brasileiro, através da análise da construção X-cefalia, que tem realizações consagradas, como microcefalia e hidrocefalia, e outras inovadoras, como filtrocefalia ‘condição de quem tem a cabeça com forma de filtro de barro’, machocefalia ‘condição de quem pensa demais em homem’ e bundacefalia ‘condição de quem tem a bunda pequena'. Ao todo, foram analisadas 40 realizações desse padrão compositivo, sendo 16 dicionarizadas e 24 não dicionarizadas. Os resultados mostram que há um uso prototípico de X-cefalia, na designação de anomalias da anatomia craniana. Esse uso é preponderante no contexto médico-científico e, do ponto de vista formal, tende a exibir bases eruditas na posição à esquerda (microcefalia, hidrocefalia, braquicefalia). Esse protótipo é estendido no que toca aos aspectos formais, e as construções inovadoras passam a admitir bases vernáculas na primeira posição (filtrocefalia, machocefalia, bundacefalia). Do ponto de vista semântico, os usos inovadores de X-cefalia apontam três significados diferentes, que se estendem metafórica ou metonimicamente do uso prototípico.
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