O rótico em coda silábica final na região Sul do Brasil: variação e mudança no Corpus do ALiB
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2018.v20n0a23281Abstract
Neste artigo, estudamos o processo de variação do rótico, em coda silábica externa (viajaR, cantoR), em três capitais do Sul do Brasil – Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba – e seis municípios do interior dos Estados dessa região: Santa Maria, Caçapava do Sul, Lages, Criciúma, Guarapuava e Campo Mourão. Os dados foram extraídos de amostras de fala espontânea dos inquéritos do Projeto ALiB, gravados em áudio nos anos 2000. Trata-se de um estudo variacionista, que tem por fi nalidade: 1) analisar a diversidade de pronúncia do /r/ e o avanço do apagamento em coda fi nal e 2) verifi car a atuação de fatores linguísticos e sociais favorecedores do cancelamento. Para alcançar esses objetivos, utilizamos o aparato teórico-metodológico da Sociolinguística Quantitativa Laboviana (LABOV, 1994). Foram selecionados oito informantes(quatro com nível superior de escolaridade e quatro com nível fundamental) de cada capital e quatro (com grau mais baixo de escolaridade) de cada município do interior. Os resultados gerais, quanto às capitais, mostram que: 1) o maior percentual de apagamento ocorre em Florianópolis; 2) há prevalência do tepe nos verbos e a mesma variante prepondera em Curitiba e Porto Alegre em não verbos, enquanto em Florianópolis sobressai a fricativa velar nesta categoria; 3)
o apagamento é semicategórico nos verbos com os percentuais de 87%, em Curitiba; 94%, em Florianópolis e 86%, em Porto Alegre; 4) na categoria dos não verbos, o processo de mudança se encontra em fase bastante inicial, em Curitiba (5%) e Porto Alegre (7%), e mais avançado em Florianópolis (41%). Os resultados gerais obtidos no interior, por outro lado, apontam 1) altos
índices de apagamento em verbos, em todos os municípios – Santa Maria (95%), Caçapava do Sul (89%), Criciúma (97%), Lages (87%), Campo Mourão (90%) e Guarapuava (94%); 2) em contraste com uma baixa frequência em não verbos – 16%, 8%, 22%, 6%, 3% e 11%, respectivamente; 3) a aproximante retroflexa e o tepe foram as realizações fonéticas mais frequentes
em verbos e não verbos.
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