O riso dos outros?: A sátira na escola, entre interpretação e utilização
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2016.v18n1a4739Abstract
RESUMO: “O riso parece precisar de eco”. Assim Bergson resume em O riso a intenção de acordo ou cumplicidade fundamental a todo ato de galhofa. Se assim é, necessariamente devemos levar em conta a recepção dos jovens leitores aos textos satíricos, jocosos por definição, lidos na escola. No entanto, mantendo uma prática comum no ensino de literatura, a escola brasileira tem raras vezes levado em consideração as reações dos estudantes à leitura de títulos satíricos ou recorrido às práticas leitoras dos alunos para aprofundar as abordagens da sátira. Com efeito, o estudo da sátira nas instituições de ensino brasileiras frequentemente restringe-se ao cânone e, mais gravemente, a textos ilustrativos de alguns estilos literários, como o Trovadorismo português ou o Barroco brasileiro. Na contramão de tal tendência a privilegiar informações secundárias sobre épocas ou escolas literárias, vão as OCNEM. Contra a desconsideração da subjetividade leitora têm se insurgido importantes pesquisadores do Brasil e de fora dele, como Rezende, Rouxel ou Langlade, uma vez que o formalismo e o historicismo predominantes nos métodos de leitura literária na escola têm afastado os leitores do acesso à arte da palavra encontrada muitas vezes no cânone, mas não tão facilmente identificada na literatura de entretenimento. Por outro lado, recentes pesquisas expuseram as consequências pouco positivas da desconsideração pelos professores da leitura de textos ficcionais não canônicos pelos alunos. Tendo como base tais pesquisas e as reflexões daqueles teóricos, este artigo buscará compreender de que forma as leituras individuais de textos satíricos realizadas pelos alunos -- não apenas no espaço canonizado do livro, mas também nos meios digitais -- podem vir a suscitar importantes debates que enriquecerão também a abordagem dos textos satíricos canônicos. Além disso, discutiremos as dificuldades e vantagens de dar espaço ao sujeito-leitor quando da leitura de sátiras nem sempre de fácil interpretação.
PALAVRAS-CHAVE: Antologias pessoais, Subjetividade leitora, Leitura literária, Sátira.
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