Aspectos categoriais e semânticos do prefixo de negação DES-: uma nova proposta de análise
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2014.v16n0a4025Resumen
Este trabalho objetiva estudar as propriedades semânticas e categoriais do prefixo de negação des-. Para fins de análise, nos valemos dos vocábulos derivados com esse afixo listados no Dicionário de Usos do Português do Brasil, de Francisco S. Borba (2002). Como referencial teórico, elegemos o modelo de Lieber (2004), o qual apresenta o traço [-Loc] como única característica necessária para a descrição da prefixação negativa; esse traço, segundo a autora, pode dar origem a quatro nuances de significado levemente distintas, quais sejam: privação, negação contrária, negação contraditória e reversão. No que diz respeito à seleção categorial, nos valemos dos argumentos de Silva e Mioto (2009) para a análise dos dados do português, os quais advogam pela ideia de que os prefixos selecionam rigidamente as bases com as quais se combinam: des- seleciona apenas bases adjetivais e verbais. Ademais, os pesquisadores defendem a existência de dois afixos homófonos: um que seleciona verbos, aplicando o sentido de reversão, e outro que seleciona adjetivos, atualizando o sentido de um tipo de negação. Nossa análise evidencia que a postulação de Silva e Mioto (2009) acerca de uma seleção rígida para o prefixo em questão parece não ser condizente com nossos dados. No que tange à análise semântica, defendemos que o traço [-Loc], apesar de ser pertinente quando aplicado a itens lexicais estativos (ou àqueles que não implicam trajetória) prefixados por des-, não é capaz de descrever adequadamente a noção de reversão atualizada por des- quando em presença de bases que denotam processos de mudança.
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