COMO A CATEGORIA DE ATITUDE CONDICIONA A METODOLOGIA PARA O ESTUDO DAS ILOCUÇÕES

Autores/as

  • Tommaso Raso Universidade Federal de Minas Gerais / UFMG
  • Bruno Rocha Universidade Federal de Minas Gerais / UFMG

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2015.v17n2a4075

Resumen

Esse trabalho propõe avanços na metodologia para o estudo empírico de ilocuções desenvolvida pelo LABLITA (FIRENZUOLI, 2003; MONEGLIA, 2011) apresentando dados de um estudo piloto desenvolvido a partir da nova versão da metodologia. A ilocução é entendida como a ação que o falante realiza sobre o interlocutor através de um enunciado. O enunciado é a mínima unidade pragmaticamente autônoma (CRESTI, 2000), ou seja, um ato de fala (AUSTIN, 1962). A ilocução diferencia-se da atitude, categoria que corresponde à maneira com a qual a ilocução é realizada (MELLO; RASO, 2011). As duas categorias se manifestam através da prosódia, mas de maneiras diferentes. A metodologia LABLITA visa descrever a forma prosódica de uma ilocução (configuração de parâmetros prosódicos que um enunciado deve apresentar para veicular essa ilocução). Todavia, não considera de maneira adequada a relação prosódica entre o nível ilocucionário e o nível atitudinal da fala, comprometendo o alcance de seus objetivos. Esse trabalho propõe alterações na metodologia para poder discriminar marcas prosódicas ilocucionárias e atitudinais em um enunciado, alcançando assim a descrição adequada da forma prosódica ilocucionária. Essa nova versão consiste em (i) buscar enunciados que veiculem uma ilocução com a maior variação atitudinal possível e (ii) identificar as propriedades comuns a todas as realizações. A forma prosódica de uma ilocução não é vista como um conjunto de valores fixos de parâmetros prosódicos, mas como um espectro de variações possíveis em função da variação atitudinal. Aplicamos essa versão da metodologia para analisar a ilocução de Ordem com atitudes de Cortesia e Irritação comparadas a uma atitude que chamamos de Referência (atitude que os ouvintes podem julgar menos marcada). Os dados são extraídos do
corpus C-ORAL-BRASIL (RASO; MELLO, 2012). Por fim, através de um trabalho experimental, chegamos a um primeiro esboço de descrição da forma prosódica da Ordem.

Publicado

2015-12-26