Maria ficou bege: uma análise funcional da predicação com o verbo ficar no português

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Résumé

A predicação é um fenômeno linguístico complexo que interessa aos estudos da gramática da oração. Neste artigo, examinamos a predicação com o verbo ficar em orações como ficamos passados com o babado e fiquei um nojo nesse vestido à luz do quadro teórico do funcionalismo linguístico de inspiração norte-americana. Nessa perspectiva, compreende-se que o uso linguístico é central para a emergência e regularização de padrões linguísticos. Desse modo, são investigados dados empíricos do português com o intuito de averiguar aspectos formais e funcionais relacionados à manifestação discursiva das orações predicativas com o verbo ficar. A abordagem metodológica consiste em uma pesquisa sincrônica, de cunho descritivo-explicativo, fundamentada na perspectiva qualitativa e quantitativa. O conjunto de amostras compõe um corpus constituído por 468 ocorrências oriundas da Rede X (Twitter) e provenientes dos anos de 2020, 2021 e 2022. Os resultados assinalam que a predicação com o verbo ficar está fortemente vinculada ao contexto semântico-pragmático: as orações tendem a expressar mudança de estado de ordem psicológica, geralmente ocorrem após a exposição do evento que motivou o estado e apresentam (inter)subjetividade. Além disso, na posição de predicativo de sujeito, é possível verificar um continuum que envolve desde adjetivos até expressões idiomáticas e, na posição de sujeito, uma entidade anafórica geralmente experienciadora.

Bibliographies de l'auteur-e

Nedja Lima de Lucena, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Graduada em Letras - Língua Portuguesa (2007), Mestre (2010) e Doutora (2016) em Estudos da Linguagem, na área de Linguística, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).Atualmente, é professora adjunta de Língua Portuguesa, na graduação (UFRN), e professora e pesquisadora, na área de Linguística, no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL-UFRN). Tem experiência com ensino nos níveis fundamental, médio e superior. Atuou, ainda, em outras universidades públicas na área de Linguística e Língua Portuguesa.No âmbito da pesquisa, interessa-se, em especial, por temas afetos à Linguística Funcional norte-americana em sua versão clássica ou mais recente (em conjunção com abordagens construcionistas), com foco na descrição e análise de fenômenos morfossintáticos e semântico-pragmáticos do português. São exemplos de temas pesquisados: transitividade; tipos semânticos de verbos; relações gramaticais; descrição, análise e reflexão de fenômenos gramaticais e suas implicações para o ensino de Língua Portuguesa. É vice-líder do Grupo de Estudos Discurso Gramática - UFRN e membro do GT Descrição do português da ANPOLL. No campo administrativo, exerce a função de coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem.

Emanuel Cordeiro da Silva, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Possui Graduação (2007) em Letras e Mestrado (2010) e Doutorado (2015) em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. É professor de Linguística da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, atuando nos Cursos de Graduação e no Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL/UFPE). Foi membro da Diretoria do Grupo de Estudos Linguísticos do Nordeste - GELNE (biênio 2014-2016 e biênio 2016-2018). Como pesquisador, integra o grupo de pesquisa Estudos da Língua em Uso - ELU e dedica-se ao estudo da língua portuguesa sob a Perspectiva Funcional-Construcionalista. Atualmente, participa do projeto de pesquisa "LEDOC-PE" (Laboratório de Edição e Documentação Linguística de Pernambuco), financiado com recursos da FACEPE (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), e coordena o projeto de pesquisa "Construções complexas com complemento sentencial no português popular: rede construcional, iconicidade e gramaticalização".

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Publié-e

2024-09-30

Numéro

Rubrique

v26n1 - LING: Funcionalismo norte-americano e Gramática de Construções: diálogos em aberto