FENÔMENOS DA INTERFACE MORFOLOGIA E FONOLOGIA NO PORTUGUÊS DO BRASIL: EVIDÊNCIAS PARA A NOÇÃO DE CICLO DERIVACIONAL
DOI :
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a41233Mots-clés :
Morfologia, Fonologia, Ciclo Derivacional, Processos Fonológicos, Português do Brasil.Résumé
Investigamos a interação entre Fonologia e Morfologia no português do Brasil (PB). Para tanto, examinamos fenômenos do sistema fonológico segmental e prosódico para descobrir em que medida eles podem ser referência para outros fenômenos. A ideia é a de que o mapeamento entre fenômenos fonológicos diferentes sustente a existência de domínios gramaticais de aplicação de regras. Em uma abordagem já tradicional, a Fonologia Lexical (KIPARSKY, 1982a, 1985) se ocupa da interação entre as regras fonológicas e os demais módulos da gramática. Ao se ocupar dessa interação, a Fonologia Lexical (FL) permite identificar domínios gramaticais de aplicação de regras. Cabe à noção de domínio mostrar como fenômenos de mudança estrutural são determinados por contextos gramaticais. Conforme essa interação, as regras serão lexicais cíclicas e pós-cíclicas, e pós-lexicais (BOOIJ; RUBACH, 1987). Assim, as diferentes propostas para o acento e o ritmo no PB permitem tratar o primeiro no domínio das regras lexicais cíclicas e o segundo entre as regras pós-lexicais. As diferenças encontradas entre o fenômeno de epêntese vocálica nas variantes cultas e populares do verbo e no nome são explicadas à luz dos domínios lexicais cíclicos e pós-cíclicos. Já independência entre a neutralização das vogais médias pretônicas e a estrutura interna da palavra é consequência de sua natureza lexical pós-cíclica, o que não significa que, mesmo não interagindo com a estrutura da palavra, esse fenômeno não forneça evidências da existência de diferentes domínios de ocorrência de regras gramaticais. A escolha teórica se deve por permitir a unificação de operações gramaticais e sonoras por meio da ideia de ciclo derivacional. O confronto entre as propriedades do acento morfológico e rítmico será feito a partir da autonomia entre o acento primário e secundário (ROCA, 1986); da organização das regras fonológicas sob e fora do controle da Morfologia (HALLE; VERGNAUD, 1987); e da tipologia dos padrões acentuais das línguas naturais (HAYES, 1995).
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